Mente de campeão
Nessa verdadeira maratona de competições em tantas diferentes modalidades esportivas que é a Olimpíada, fico aqui pensando sobre o que um atleta tem de ter para ser um campeão. Obviamente, o físico é fundamental, e para chegar ao ponto de se destacar no esporte, um atleta tem que treinar e se preparar muito, submetendo o próprio corpo a repetições infindáveis para alcançar a excelência que se espera dele, num conjunto de fatores que exigem uma vida de dedicação extrema por parte de quem assume o esporte profissional como propósito de vida: rotinas extenuantes de treinamento, alimentação balanceada e sono regrado que, por si só, já restringem muito qualquer possibilidade de vida social. Mas, a meu ver, o que faz mesmo um campeão é ter a mente de um vencedor. Penso que o atleta campeão é o que prepara o seu corpo e domina sua mente para vencer. A preparação física é algo que, numa generalização grosseira, qualquer um pode alcançar com a orientação e os esforços adequados, ainda que se possa reconhecer que para alguns seja mais fácil do que para outros, ou que haja uma certa predisposição ou habilidade natural para certos privilegiados. No entanto, é a capacidade de manter o controle emocional, a concentração e o foco é que diferencia o simples competidor do vencedor. Recuperar-se rapidamente do ponto perdido ou de uma vantagem do adversário, seguir firme em sua estratégia e saber alterá-la quando se mostrar ineficaz, acreditar em si próprio mesmo quando estiver mais próximo da derrota, e mais do que tudo: aceitar ter as condições para ser merecedor da vitória, ao invés de duvidar de si próprio ao primeiro revés. Porque é mais fácil duvidar da própria capacidade do que temer a capacidade do outro. A maratona e o jogo de tênis - como foi a final entre Djokovic e Alcaraz, hoje em Paris - são bons exemplos de esportes olímpicos que exigem muito fisicamente, mas exigem ainda mais do mental do atleta, que pode vencer, muitas vezes, apenas por "acreditar" mais em sua vitória do que o adversário. Essa é a magia do esporte, onde, diferentemente de robôs, nós seres humanos temos que vencer em primeiro lugar as nossas próprias resistências e adversidades internas, para então conseguir que o corpo nos leve a cruzar a linha de chegada. Viva o esporte!
Em tempo: aproveito a declaração do citado Djokovic, após receber a medalha de ouro neste dia, como uma boa ilustração para esse texto:
"Eu certamente tinha dúvidas. Mas a crença e a convicção de que eu chegaria lá eram mais fortes do que minhas dúvidas, como sempre foi o caso na minha carreira. Eu sabia que ia acontecer, era só uma questão de tempo. Eu sabia que tenho 37 anos e não sei quantas chances mais eu teria. Sabia de tudo isso. E é claro que eu tinha que lidar com isso internamente, teria que silenciar o barulho ao meu redor e focar no que precisava fazer na quadra. Essa é a grande batalha."
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