ESTAMOS PREPARADOS PARA A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL?

Nesta semana em que tivemos o South Summit trazendo a Porto Alegre empreendedores, palestrantes e público interessado em tratar e conhecer sobre as novas fronteiras da tecnologia digital, também vimos notícias que fazem pensar se, de fato, estamos prontos para lidar com essas transformações, em especial sobre o impacto da inteligência artificial em nossas vidas.

A inteligência artificial está presente, faz tempo, em nossas rotinas – ainda que, muitas vezes, nem nos percebamos disso -, por exemplo, nos algoritmos utilizados para analisar nosso perfil consumidor em redes sociais e nos sugerir bens e serviços alinhados aos nossos interesses.

No entanto, o novo e impactante é a possibilidade de interagir diretamente com essa tecnologia, permitindo que acessemos o conhecimento quase infinito de informações disponíveis na rede, sob a forma de perguntas e respostas, numa verdadeira conversa com a máquina. Sim, estou falando do ChatGPT e de outros chatbots que são o assunto do momento, por suas imensas potencialidades e aplicabilidades ainda sequer dimensionadas.

Mas o que uma tecnologia assim, tão disruptiva e transformadora, poderá acarretar a nossas vidas, empregos e nas relações com a própria tecnologia? Difícil prever, não é? Por isso, ao lado da euforia pelo avanço tecnológico, que Bill Gates diz ser o mais importante em décadas, surge a preocupação com os impactos de sua aplicação.

No South Summit de Porto Alegre, nesta semana, o ChatGPT foi diversas vezes referido em tons de avanço e ameaça, mas, inegavelmente, como algo a que não se poderá ser indiferente. Virou assunto corrente no evento, inclusive, uma petição pública colocada em circulação pelo Future of Life Institute pedindo para suspender o uso e as pesquisas sobre a inteligência artificial enquanto não ocorrer sua regulamentação. Para se ter uma ideia da relevância do tema, o apelo foi assinado por personalidades do meio tecnológico como Elon Musk, Steve Woznyak (cofundador da Apple), membros do laboratório de IA do Google, especialistas americanos em IA, acadêmicos e engenheiros-executivos da Microsoft, parceira da OpenAI, e o historiador Yuval Noah Harari.

Também nesta semana, o banco Goldman Sachs divulgou uma projeção de que 300 milhões de empregos no mundo poderão ser afetados, ou melhor, substituídos pela inteligência artificial, especialmente o trabalho intelectual e administrativo, estimando que nos Estados Unidos e na Europa aproximadamente dois terços dos empregos atuais “estão expostos a algum grau de automação da IA” e até um quarto de todo o trabalho pode ser feito completamente pela IA.

Mas é claro que o aspecto ameaçador dessas novas tecnologias deve ser visto com reservas. Sem excluir a necessidade do debate ético em torno de sua utilização e de uma provavelmente necessária regulamentação, a história já demonstrou que revoluções tecnológicas e mudanças de paradigma levaram a alterações econômicas e sociais relevantes, mas sempre abriram espaço para novos campos de trabalho e, além disso, trouxeram facilidades à vida humana e proporcionaram a geração de maior riqueza mundial.

O que fica evidente é que, para nos adaptarmos a essas novas e rápidas mudanças, teremos que fazê-lo na mesma velocidade do seu avanço, visando permitir que acessemos as oportunidades de aplicação abertas pela aplicação massiva da IA, o que traz à tona, sempre e inevitavelmente, a importância do papel da educação nesse processo de aprendizagem contínuo e cada vez mais necessário ao ser humano do século XXI.

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