Diários da pandemia - #Dia 12: poesia entre paredes

Durante os 12 dias que ficamos em isolamento, no início da pandemia de Covid-19, eu e minha esposa decidimos escrever diariamente sobre um tema que escolhíamos, relacionado àquele momento de tensão e incerteza, tentando nos manter serenos e filtrar o bombardeio de notícias, fake news e tudo o mais que vinha da rua. 

Passados 3 anos desses dias isolados e do pior da pandemia, vou reproduzir aqui - com permissão da Cacá - esses textos que refletem como estávamos vendo e vivendo aquele período tão diferente de tudo o que havíamos vivido até então, e que nos ajudaram a ficarmos conectados à realidade e a nós mesmos.


#DIA 12 (01/04/2020) - TEMA: POESIA ENTRE PAREDES


Ela:

"A poesia é um revólver apontado ao coração”.  E o poeta para mim, aquele que consegue ao escrever  traduzir  o mundo como o vê, e nos tornar parte dele, ou ele parte nossa.  Percebe o que nos move e revela, dá nome às sensações que vivemos e não explicamos – puxa o gatilho. Em outras palavras, aquele que coloca as “nossas casas” no papel. Não imagino um cotidiano sem poesia: por isto não saberia viver em um lugar silencioso, objetivo e cartesiano. Não reconheceria um espaço totalmente planejado como sendo meu: porque não acredito na apropriação sem sentimento. Um lugar para ter poesia precisa ter arranhão no piso e mancha de vinho na bancada. Precisa ter memórias: aquele postal do lugar querido, o quadro dos Beatles, a bandeja herdada... Nossas lembranças colhidas no passar dos anos, nossas cicatrizes. Precisa ter objetos com potencial poético, porque são eles que exercitam nossa imaginação e reforçam o amor em nossas vidas – e não é isto que nos faz humanos? Que estes dias em que vivemos entre quatro paredes sirvam para descobrirmos os diferentes mundos que existem dentro delas, e que possamos nos apropriar destes mundos levando sua beleza  conosco para as ruas quando o isolamento passar... Nos tornando poetas em nossas próprias vidas.


Eu:

A poesia é um respiro

um refúgio

um bálsamo

uma janela para um mundo incerto

Traz esperança

Reconforta

A poesia contagia, previne e cura.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A perda de um amigo

Nós e os nossos objetos

O amor fiel