Quando éramos jovens


Naquele tempo, éramos jovens. E por isso, éramos soberanos de nossos destinos, traçados sobre grandiosas pretensões possíveis pelo tanto que cada um considerava a si mesmo. Seres únicos, especiais, que o mundo ainda não havia tido a graça de conhecer e reconhecer nossos talentos. O tempo, medido pelos olhos de então, era infinito assim como nossa capacidade de realizar os tantos sonhos que nos ocorriam aos borbotões. As dificuldades, responsabilidades, as convenções sociais, o poder econômico e a falta dele, nem mesmo o medo da morte surtia qualquer efeito face a nossa torrente de idéias sobre como mudar o mundo e resolver o que estava errado. Nenhuma pergunta sem resposta e nenhum problema sem solução – segundo nossas teorias bravamente defendidas. Só nos interessava os ecos favoráveis aos nossos argumentos grandiosos, e não os conselhos ou os alertas dos mais velhos e, por consequência, mais realistas. Víamos um mundo que somente pode ser visto através do idealismo de como as coisas deveriam ser e da facilidade de transformá-las naquilo que não eram. E quem vai dizer que estávamos errados? E se o resto, já descrente de tudo, tivesse aceito nossos ideais e os colocado em prática, não teriam se realizado?  O problema da juventude é que sua imensa capacidade transformadora é inversamente proporcional à credibilidade que gera nos adultos, aqueles cuja grande maioria desistiu de acreditar em qualquer coisa e foi tratar de pagar suas contas...

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