Impressões sobre uma viagem a Paraty



Neste último reveillon, nos aventuramos em uma viagem de carro até Paraty-RJ, que durou 10 dias. A partir de Camboriú-SC, as estradas deixaram de ser conhecidas e começamos a sentir o prazer de explorar novos caminhos nessa imensidão que é o Brasil. Ingressamos no Paraná, via BR 101 e BR 376, subindo a serra até Curitiba, Registro e daí descendo em direção ao litoral sul de São Paulo, onde pernoitamos na cidade de Itanhaém - segunda mais antiga do País! -, cuja antiguidade só é lembrada por umas poucas construções históricas. Dali seguimos diretamente a Paraty, tomando a glamorosa rodovia Rio-Santos, a qual costeia o litoral norte de São Paulo e segue até o Rio de Janeiro. Embora linda em suas alternâncias de serra e praia, a estrada estava obviamente congestionada nessa época, o que exigiu muita paciência e procura por rádios que não fossem religiosas ou da praga sertaneja. Chegar e descobrir Paraty foi como encontrar um oásis, por sua história bem preservada nos prédios de seu centro histórico e pela deslumbrante natureza que a cerca, com suas incontáveis ilhas e praias acessíveis por barco, em que a todo instante se descortinam paisagens de tirar o fôlego. A arte se faz presente nos incontáveis atelieres, nos artistas de rua e no cenário real de seu casario. A noite da cidade é um capítulo à parte, com seus restaurantes e boa música tocada em vários estabelecimentos, à margem das caravanas de pessoas que caminham equilibrando-se nas pedras irregulares de suas ruelas. Apesar do grande fluxo de turistas, não se tratava daquela turba insandecida que, em outros lugares turísticos, vê a virada do ano como um ensaio do apocalipse. O público de Paraty curte o lugar no ritmo da cidade, devagar, contemplativo e de bem com a vida. Foi muito bom conhecê-la, deu vontade de voltar antes mesmo de partir e cogitaria morar lá numa eventual negociação com o destino. Na volta, cinco dias depois, ficamos uma noite em Ubatuba (Praia das Toninhas), onde pegamos praia e vimos o jeito paulista de curtir o seu litoral, geralmente sentados em kiosques para comer e beber todo o tempo, um tanto indiferentes à beleza daquela natureza. Surpreendeu a estrutura um tanto precária das praias do norte paulista, em termos de urbanização e serviços diversos, ficando a impressão de que estão atrás das praias maiores do litoral gaúcho. Mais um pernoite na estrada, após horas de rodagem, num hotel próximo ao aeroporto de Curitiba, e no outro dia chegávamos à nossa conhecida praia de Garopaba para outro pernoite e um pouquinho mais de praia, antes de rumarmos à casa. Enfim, apesar da época do ano ser pouco recomendável, valeu muito a pena rodar por esse trecho do Brasil, vivenciando caminhos e lugares, outras gentes e, principalmente, novas sensações em nossa própria terra.

Feliz 2018 aos amigos leitores!

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