Ah, a amizade...

A amizade...ah, os amigos...
A amizade parece até uma derivação do ar, esse estado da natureza normalmente ausente aos sentidos e, ao mesmo tempo, tão essencial. É etérea e oscilante, como também oscila a pressão e a temperatura do ar. Num instante estamos tão próximos a um amigo, numa relação de intensa proximidade, que não conseguimos imaginar a vida sem ele, até que a distância de espaço ou interesses, o tempo, ou ambos, nos mostram que a amizade, assim como o vento, se dispersa e se esvai. Sentimos a ausência de uma boa amizade que se distanciou, como o frio do inverno faz lembrar o bom calor do verão. A falta daquela intimidade conquistada, da confiança natural que nos faz confidentes mútuos, que divide planos, tragos e boas risadas. Nem sempre os amigos ficam por perto, ou ficamos perto deles. Ao contrário, o normal é que os caminhos se desencontrem e que durante o caminho os amigos venham e vão, novos em lugar dos antigos, os que reaparecem e se tornam velhos amigos novos. Porque a amizade tem isso também, amigos que perdem o contato e reaparecem depois de muito tempo, não são mais íntimos, são quase estranhos, que voltarão a ser tão amigos ou não... A amizade também é uma forma de amor, a ponto de poder se confundir com o desejo e a paixão, como às vezes podem ser confusas a amizades entre homens e mulheres, por exemplo. Esse amor entre amigos, sem desejo nem ciúmes, de querer o melhor pro outro sem cobrar pra si, de querer doar mais que receber, de se regozijar com a felicidade de quem se quer bem, como a um irmão que se pode escolher, é uma dádiva e uma raridade, que ao lado do amor de casal e familiar é o que mais nos aproxima da felicidade. Agradeço aos meus grandes amigos de hoje - que são poucos -, sinto falta de muitos de outros tempos, e ainda quero conquistar mais alguns valiosos no tempo que me resta. Que os bons ventos nos tragam sempre as melhores amizades!

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