Diferentes e indiferentes

Durante 7 anos, colaborei na realização da Moenda da Canção, o festival de música que ocorre em minha cidade e que neste ano celebrou sua 29a edição. Agora, à distância, observei o enorme esforço de um amigo que segue dando sua colaboração na produção do evento, juntamente com outros poucos "moendeiros" abnegados em manter vivo o nosso festival. Brinquei com ele que o via como um herói pelo que estava fazendo, e que não era bom ser herói, pois o que os distingue não é algum superpoder, mas o sacrifício pessoal que fazem pelos outros. O meu amigo concordou e disse que não queria ser herói. Apenas gostaria de poder contar com mais pessoas que colaborassem em fazer o evento acontecer, de uma maneira mais fácil para todos os envolvidos. Esse amigo meu é do tipo que faz a diferença. Também vivi isso na época em que fui voluntário na Moenda, sentindo-me realizado ao ver o festival acontecer e me considerar parte responsável por aquilo, apesar de todo o esforço empreendido. Afastei-me para ser voluntário de outras causas e para poder dedicar-me a projetos pessoais, provavelmente fazendo, hoje, menos diferença do que fiz naquele tempo. Uma dessas grandes classificações reducionistas da humanidade pode ser entre os diferentes e os indiferentes: aqueles, por fazerem a diferença no mundo pelo que proporcionam aos outros; estes, pelo que são indiferentes ao mundo e aos outros e, por isso, estes também lhes serem indiferentes. Todos podemos ser diferentes e fazer a diferença, embora seja bem mais fácil ser indiferente, mesmo quando chegamos a nos emocionar com o exemplo de alguém que, gratuitamente, apresenta-se como instrumento de transformação de outras vidas ou engajado a uma bela causa. No fim, tudo se resume a tomar a decisão e a atitude de ser diferente, ao invés de continuar fazendo parte da maioria indiferente ao que está fora de seu próprio universo particular. Por certo, se fôssemos todos diferentes, o mundo não precisaria de heróis...

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