Mario Quintana - 20 anos de uma obra viva




Ainda me lembro, claramente, que eu estava sentado num banco no pátio da Unisinos, ouvindo meu walkman, naquele dia 05/05/1994, quando a rádio anunciou o falecimento do Mario Quintana. Não sei se eu já era um grande fã dele - como sou hoje -, mas recordo que fiquei triste sim, porque o que conhecia do Poeta já me permitia saber que sua despedida era uma grande perda para a nossa cultura. O Poetinha partiu discreto, no rastro que foi a comoção nacional pela morte de Ayrton Senna, ocorrida dias antes. Parece que ele escolheu o dia de sair à francesa, como se fosse uma maneira de dizer: "olha, eu tô indo, mas não se importem comigo e sim com a minha obra que fica". E esta, a obra do Quintana, continua mais viva e fortalecida do que nunca, muito graças ao poder de divulgação das redes sociais, que hoje servem de espaço livre para as pessoas conhecerem e divulgarem os versos, ora humorados ora profundos e emocionantes, deste poeta que sabia falar direto ao coração das pessoas, de uma maneira simples, quase como uma conversa de botequim ou um conselho de avô. Essa simplicidade de sua poesia, sem dúvida, a tornou atemporal e acessível a qualquer um, numa linguagem coloquial e limpa de excessos parnasianos ou eruditos, que outrora serviu para criticar sua obra mas hoje demonstra ser a razão de sua perenidade. Como é bom poder contar com a palavra de Mario Quintana durante a caminhada pela vida, como as estrelas que iluminam um de seus famosos versos:

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!

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