Vitória e reflexões


Retomo o blog após uma pequena ausência. O porquê da ausência não foi dengue, esquecimento ou pane no computador. Foi a mais completa falta de tempo mesmo, devido às coisas do trabalho, sobretudo. E retorno, agora, após uns dias de férias em Vitoria-ES, pra onde fomos por uma certa curiosidade e também por não conseguirmos hotel no Rio de Janeiro. Foram poucos mas proveitosos dias, com sol, praias, bares, boa comida, um bom livro* e, é claro, a minha ótima companhia de sempre... Ao contrario do Rio, Vitoria não é uma cidade que prioriza o turismo, embora tenha excelentes lugares para mostrar e desfrutar. Gostei do jeito da cidade, moderna e ao mesmo tempo simples, com seu povo hospitaleiro e mais mineiro que carioca. Cidade pujante, onde a riqueza circula a partir de seus portos, mas sem espalhafato. Enfim, um novo bom lugar que valeu conhecer. Nesses dias, saído da rotina intensa de tarefas e compromissos, a gente olha a vida em retrospecto, distanciado da visão imediata da agenda diária para ampliar o alcance da reflexão aos anos que se foram e às escolhas feitas, projetando o que ainda dá pra projetar de um futuro que já não é mais o mesmo que eu via quando tinha meus 20 anos. Lá, na beira da praia, voltei a pensar em como sempre quis morar em frente, ou próximo, ao mar. Só que, agora, as chances para isso acontecer diminuem exponencialmente porque fiz minha vida, até aqui, longe dele. Isso serve como exemplo das coisas que, a partir de um certo ponto da vida, simplesmente passamos da hora de realizar ou conquistar. Sei que não faltará quem diga que sempre é tempo para o que quer que seja, no que eu concordo em parte. Sempre será tempo para amar, trabalhar, escrever um livro ou um poema, aprender a tocar um instrumento ou falar outro idioma, e por aí vai... Mas há desafios maiores que, assim como a juventude dura certo tempo, também exigem de quem busca conquistá-los o esforço de grande parte de uma vida, e esse tempo não se tem por toda a vida. Parafraseando Quintana, antes todos os caminhos vão, depois todos os caminhos vêm. Isso, claro, não nos impede de tomarmos, sempre e para sempre, as decisões que farão melhor às nossas vidas, além de abdicar daquilo que nos chateia e que, por vezes, inevitavelmente temos que conviver. Só que a urgência da vida está em que não temos todo o tempo o tempo todo. O tempo, meus amigos, não é o mesmo sempre.

*o livro lido nesses dias entre a areia da praia e a espera dos vôos, e que eu recomendo, foi o "História de canções - Tom Jobim", de Wagner Homem & Luiz Roberto Oliveira


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A perda de um amigo

Nós e os nossos objetos

A magia da vida