Mudar, sempre!

Muitos pensam que passamos a vida toda sendo sempre as mesmas pessoas. A meu ver, mudamos a vida toda sendo sempre as mesmas pessoas. Acontece que, aqueles, parecem resistir em aceitar isso para si mesmos. Acreditam que a essência humana é imutável, assim como nossos valores, princípios, certezas, e daí porque pensam que continuarão sendo quem sempre foram. Penso, por aquilo o que vivo e observo, que mudamos sempre porque a vida nos impõe a isso e não conseguimos ficar impassíveis diante dela e das histórias pessoais que protagonizamos - na maioria das vezes, improvisando. As causas de nossas constantes mudanças advém de nossas frustrações, perdas, vitórias, sentimentos e impressões daquilo o que vai nos acontecendo durante o caminho, levando-nos a mudar de direção, opinião, pensamento e desmistificando nossas "sólidas" verdades absolutas sobre tudo e todos. Coisas acabam, outras começam, e saímos sempre diferentes do que quando entramos. De filhos, passamos a pais. De solteiros, a casados. Crianças, adolescentes, adultos e idosos: sempre as mesmas idéias, princípios e interesses? As dúvidas são resolvidas por respostas que geram outras dúvidas, e nossa opinião varia como um pêndulo. Ah, a suas opiniões são firmes como rochas?! Então, talvez, você não as esteja pondo à prova, ou esteja cometendo muitos erros por causa delas. Quem resiste à mudança de si mesmo pode estar ignorando as circunstâncias que a justificam, ou iludindo-se quanto a seu efeito por razões de comodismo, temor ou soberba. Mudar é praticar a racionalidade própria de nossa espécie, ao invés de seguirmos o curso dos instintos animais repetidos desde sempre. É ser sensível frente ao novo e aceitá-lo, ou adaptar-se a ele, sem pretender desafiar sua força inexorável. É perceber que algo está errado e não vai bem, exigindo novas decisões porque as velhas não se aplicam mais. É ser, humano... Sempre preservaremos, em maior ou menor medida, o discernimento sobre o certo e o errado, virtudes e defeitos característicos de nossa personalidade, decorrentes de nossa educação e modo de ver o mundo. Também é pouco provável que nos tornaremos extremos do que somos - de honesto a marginal, de pilantra a modelo de conduta. Mas até isso pode acontecer e exemplos não faltam. Como disse o Fernando Pessoa "não nos banhamos duas vezes no mesmo rio" - ele não será mais o mesmo, nem nós... O quanto nos distanciaremos de quem somos talvez dependerá do quanto precisaremos mudar para encontrarmos quem realmente somos. Então, não tenha vergonha de mudar, porque o pior é deixar para assumir suas mudanças quando elas não fizerem mais diferença na sua vida. Um novo trabalho, um novo lugar pra viver, um recomeço, uma nova relação, uma grande vontade, tudo isso pode trazer medo, insegurança, mas também traz novas oportunidades de se ser alguém melhor e, quiçá, mais feliz. Provavelmente este texto não mudará a vida de ninguém, mas pra sintetizá-lo com algum brilho, em especial aos que não aceitam conjugar o verbo mudar,  termino ele com a citação clássica de um velho sábio grego que há muito sacramentou: "Nada é permanente, exceto a mudança" (Heráclito).

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