Dizer que a vida é um jogo é um lugar comum. Mas vou usar isso pra falar a alguém de quem eu gosto...

Num jogo de apostas, seja qual for, o ganha e perde ora pende mais pra um lado, ora pro outro, e no meio disso sempre há o risco. Acontece de o jogador já ter ganho o suficiente, mas, por acreditar que pode ganhar mais, arrisca o que tem ao invés de se retirar do jogo satisfeito. O que o leva a arriscar-se é a certeza – infundada! – que a sorte irá ou continuará a lhe assistir. Acontece, também, para aquele que vem perdendo, acreditar que pode continuar jogando porque nunca perderá tudo o que tem.

Na vida, o jogo está em que toda escolha contém um risco em si. Pra muitas escolhas, a sorte pode pesar muito mais do que o trabalho e competência pesam em outras. Umas são mais previsíveis quanto ao resultado, ao contrário de outras. As apostas arriscadas, geralmente, são aquelas que o põem em perigo ou a seu futuro, porque se está jogando com o que se é, e que dificilmente se recuperará se for perdido. Às vezes, se assume esse risco por uma razão que o justifica, buscando alcançar algo sem o que não haveria realização pessoal ou sentido em viver; noutras, arrisca-se gratuitamente, apenas pela irresistível razão de jogar.

Por isso, quando uma pessoa que até então vinha ganhando esse jogo e já teria o suficiente – família, amigos, honra, dinheiro, conforto e prazer - pra se retirar do jogo, faz questão de insistir em jogar, ele estará arriscando perder muito mais do que poderá ganhar.

E para quem possa pensar que a situação é absurda, um contrasenso, eu digo que muitas vezes agimos assim, de jogar e arriscar quando não precisávamos. Outros, porém, parecem insistir em viver jogando os dados até perderem tudo (e todos) o que tem.

Meu amigo, presta atenção, você está perdendo o tanto que tinha nessa viagem sem volta...

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