Ao mestre, com carinho


Uma, ou a maior, das razões por que eu decidi criar este blog foi para praticar o hábito de escrever, pela pretensão de um dia começar a escrever "de verdade". Esse sonho de produzir literatura veio sobretudo daquilo, e daqueles, que eu li e que me mostraram a grande força que as palavras podem ter em nosso imaginário e na forma de percebermos o mundo. A palavra (bem) escrita, sem dúvida, é transformadora. Esses de quem eu falo, para mim, foram Rubem Fonseca, Quintana, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Kundera e, em primeiro, José Saramago. E é deste último que hoje fico sabendo ter falecido, aos 87 anos de idade. Lá pelos anos 90, fui assistir a uma palestra dele em Porto Alegre, no lançamento do livro "Ensaio sobre a cegueira", quando tive a grande oportunidade de cumprimentá-lo pessoalmente, dizer que o admirava e pegar seu autógrafo em meu exemplar do "Evangelho segundo Jesus Cristo" - sem dúvida, uma obra-prima. Saramago nos deixa, mas não deixará jamais de ser um estímulo a todos que quiserem seguir o ofício da escrita, por maiores que sejam as adversidades, ele que só conseguiu comprar um livro aos 19 anos e escreveu o primeiro romance aos 25, foi mecânico e funcionário público, mas só conseguiu viver da literatura a partir dos 54 anos, sendo dono de um estilo inconfundível de "contar histórias" com maestria, humor e sem deixar de fazer sua crítica a aspectos da sociedade atual. Segundo dizem, o nome Saramago vem de uma planta que serve de alimento aos pobres em tempos difíceis. Apesar da ausência desse grande escritor, sua obra deverá compensar ainda por muito tempo a pobreza de idéias que prepondera nesses dias.

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