Seguindo em frente

Sempre olhei com certa desconfiança as pessoas que se portam muito seguras de si, esforçando-se em demonstrar o quanto são corretas, sérias e imunes a erros, simplesmente por se manterem distantes de qualquer possível ameaça ao seu aparente equilíbrio. Por outro lado, sempre tive simpatia por aqueles que não escondem suas fraquezas, assumindo sua vulnerabilidade, seja para conviver com ela seja para superá-la numa luta aberta. Acredito muito mais em alguém que se expôs, viveu e superou situações difíceis do que quem se defende simplesmente se esquivando delas. Essas pessoas tidas como fracas, para uma sociedade que cultua a excelência em tudo, podem sim fazer muito mal a si mesmas, e quando isso acontece também acabam afetando outros a seu redor – o que não é nada agradável. Mas ao enfrentar suas dificuldades, muitas delas saem fortalecidas dessas batalhas consigo mesmas e com o que lhes prejudica. Isso as enriquece, dá motivos para seguirem em frente e evitar a próxima recaída. Afinal, penso que todos estamos sujeitos a fraquejar e a recair, inclusive aqueles primeiros, tão seguros de si, mesmo que não admitam isso. Pra eles, vamos de Fernando Pessoa:

“Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
(...)
Toda gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida...
(...)
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?”

(Trechos do “Poema em Linha Reta”)

*Post dedicado a meu amigo que saiu da clínica

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