Memórias Musicais III

Antes de falar da TSEX, acho legal falar das influências sonoras que me fizeram a cabeça. Quando acabou a Anjos Rebeldes eu devia ter uns 15 anos, e desde os 12 a música já era muito presente na minha vida. Só que, naquela época - é mermão, não esqueça que já tenho trinta e tantos -, conseguir músicas não era um negócio fácil, muito menos descobrir coisas novas. Ou você comprava LPs (quando dava $$$), ou então era aquela coisa de gravar fita k7 da rádio, discos e fitas de amigos. Ou seja, a tão falada pirataria já existia sim e era como uma coleção de figurinhas, em que cada um se exibia com seus sons exclusivos ou difíceis de conseguir. Sem dúvida, a surf music deveu sua divulgação por aqui muito mais às fitas do que aos discos ou rádio. Mas, enfim, quando passei a levar a música a sério era meados dos anos 80 e tive oportunidade de ver surgir a onda pop internacional com bandas como Cure - não, não fui naquele antológico show em POA -, Echo & the Bunnymen, New Order, Smiths e todas daquela safra surf music australiana como Australian Crawl, Hoodoo Gurus, Midnigth Oil, INXS etc. E, principalmente, acompanhar o surgimento do rock brasileiro vindo de Brasília, com bandas como Legião Urbana - Geração Coca-Cola foi foda -, Plebe Rude, Paralamas (a mais querida até hoje), Capital Inicial etc; de São Paulo, com Ultraje a Rigor, Inocentes e Ira!; do Rio com o insuperável Barão Vermelho e, por que não, a pioneira Blitz. Lembro que teve um verão em Tramandaí que várias dessas bandas do então mainstream nacional se apresentaram no ginásio local em shows memoráveis. E não dá pra esquecer das bandas gaúchas que vieram a fincar a bandeira do que virou a ser reconhecido como Rock Gaúcho. O LP Rock Grande do Sul foi uma amostra da força daquilo que tínhamos para mostrar ao mundo com bandas como TNT, De Falla, Engenheiros, Nenhum de Nós, Cascaveletes, Garotos da Rua e tantas outras. Os primeiros shows que vi da cena musical gaúcha foi a Banda Os Eles (alguém lembra?) e Engenheiros do Hawaí na SAT/Tdaí. O rock nacional e regional dos anos 80 teve uma força e uma presença na mídia como nunca teve e jamais terá novamente, com seu ápice no Rock In Rio, colocando nossas bandas ao lado de grandes nomes do rock internacional. Reconheço, assim, que meu gosto musical foi moldado nessa mistura do pop com o rock típicos dos anos 80, ao qual vieram depois a se acrescentar outros gêneros e preferências. Até porque o que é bom sempre acaba um dia - ou evolui, na opinião de alguns -, e tanto o pop classudo dos 80 quanto a boa pegada do rock nacional ficaram pra trás. Veio a música eletrônica (nada contra e pouco a favor) e, por aqui, pior ainda, veio o sertanejo, o pagode, o funk e outras merdas mais. Como eu não podia fazer como o Nelson Motta e mudar pra NY, o negócio foi me adaptar e buscar outras sonoridades e influências. Mas isso é outra história...

Comentários

  1. falae murilo! o tempo passa... o cd já coisa antiga. segue aí com as memórias que to querendo saber da T Sex. Abraços!

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