Os 25 anos da queda do Muro de Berlim



Eu que tive minha infância e adolescência entre os anos 70 e 80, convivia com o temor de uma Terceira Guerra Mundial, que reduziria a humanidade e o planeta às cinzas depois que as bombas atômicas fossem lançadas pelas grandes potências antagônicas de então: o capitalismo norte-americano versus o comunismo soviético.

Era uma paz em suspenso – e suspense! -, equilibrada na corda bamba do grande abismo que separava os dois regimes, ideologicamente diferentes mas igualmente armados. Qualquer notícia de tensão entre as superpotências causava grande apreensão, o que, juntamente com o sensacionalismo das matérias do Fantástico e filmes como “The Day After”, causou para mim a perda de algumas tantas horas de sono.

Quando a União Soviética cedeu às pressões de um regime que não mais se sustentava, nem política nem economicamente, e passou a implementar o processo de reforma que resultou no desmantelamento daquela imensa máquina estatal - a Perestroika de Gorbachev -, eu só fui entender a importância da situação quando a televisão mostrou as pessoas dos dois lados tomando de assalto o Muro de Berlim, festejando sua queda e derrubando junto o grande bloco comunista liderado pelo Kremlin.

Pela primeira vez na vida, naquele 9 de novembro de 1989, eu me vi presenciando um momento histórico.

O que veio a seguir foi um grande alívio e o prenúncio de tempos de paz duradouros – o que a Guerra do Golfo, no início dos anos 90, demonstrou ser ilusório. Naqueles dias e meses posteriores à queda do muro, o sentimento de liberdade correu o mundo como uma brisa refrescante, nos fazendo perceber que nenhum Estado com pretensão de tolher e dirigir a vontade de seus cidadãos será sustentável indefinidamente.


A queda do muro mudou o mundo, abriu-o a novos tempos e a outras mudanças que se seguiram, e seguimos mudando porque nada é permanente, exceto a mudança, como disse Heráclito muito antes da bomba atômica.

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