Naquele tempo, éramos jovens. E por isso, éramos soberanos de nossos destinos, traçados sobre grandiosas pretensões possíveis pelo tanto que cada um considerava a si mesmo. Seres únicos, especiais, que o mundo ainda não havia tido a graça de conhecer e reconhecer nossos talentos. O tempo, medido pelos olhos de então, era infinito assim como nossa capacidade de realizar os tantos sonhos que nos ocorriam aos borbotões. As dificuldades, responsabilidades, as convenções sociais, o poder econômico e a falta dele, nem mesmo o medo da morte surtia qualquer efeito face a nossa torrente de idéias sobre como mudar o mundo e resolver o que estava errado. Nenhuma pergunta sem resposta e nenhum problema sem solução – segundo nossas teorias bravamente defendidas. Só nos interessava os ecos favoráveis aos nossos argumentos grandiosos, e não os conselhos ou os alertas dos mais velhos e, por consequência, mais realistas. Víamos um mundo que somente pode ser visto através do idealismo de como as coi