tag:blogger.com,1999:blog-46260469484643496602024-03-13T03:04:41.391-07:00balaiodetrecosO "balaiodetrecos" é um lugar para idéias, comentários, textos, críticas, gritos, reclamações, dicas, notícias, bate papo, contribuições para a humanidade, piadas, protestos, manifestos, imagens, viagens, revoltas, fofocas e outros trecos possíveis.Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.comBlogger196125tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-39909915974624811692024-03-10T06:52:00.000-07:002024-03-10T06:52:51.179-07:00 A perda de um amigo<p>A perda de um amigo, inevitavelmente, impõe a perda de um pouco de nós mesmos, porque se perde um parceiro de momentos vividos e de histórias ocorridas com aquele comparsa querido, com quem dividíamos a preciosa memória dessas aventuras que alimentam a nossa nostalgia. Muitas dessas memórias de que nos orgulhamos, que apresentamos como troféus em outras rodas de amigos, que representam os tais bons momentos vividos, muitas delas são enterradas junto com o amigo que se vai - a parte que só ele lembraria para contar. E aquela vaga esperança de reviver aqueles dias, como se fosse possível voltar a ser quem éramos naqueles tempos que se foram, essa se esvai de vez pelo óbice intransponível da morte. É a finitude que se apresenta quando os nossos começam a nos deixar, e você começa a calcular o tempo que ainda teria, cuidando-se ou não, nessa matemática imponderável da vida. A perda de um amigo deixa um vazio onde havia o amor na sua expressão mais genuína, o amor da amizade, do querer estar com o outro e sentir-se bem com ele, do saber-se seguro por ter com quem contar em qualquer situação, a melhor e a pior, onde só os bons amigos provam todo o seu valor. Mesmo os amigos de quem nos afastamos ao longo do trajeto, se era uma amizade verdadeira, o laço não se parte e se renova na primeira lembrança compartilhada entre risos e olhares cúmplices. Enfim, os bons amigos sempre viverão no relicário que cada um guarda no lado esquerdo do peito, já cantou Milton Nascimento, e com eles temos ainda boas conversas cochichadas, imaginando o que diriam de tal ou qual situação para rirmos juntos novamente, ou para dividirmos dores difíceis, pois a amizade, como disse Vinícius de Moraes a seus tantos amigos, além de contagiosa é totalmente incurável, não importando o tempo e a distância...</p><p><br /></p><div class="verse " style="background-color: white; color: #444444; font-family: Roboto, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; padding-bottom: 10px;"><i>"Amigo é coisa pra se guardar<br />Do lado esquerdo do peito<br />Mesmo que o tempo e a distância digam não<br />Mesmo esquecendo a canção</i></div><div class="verse " style="background-color: white; color: #444444; font-family: Roboto, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; padding-bottom: 10px;"><i>O que importa é ouvir a voz que vem do coração</i></div><div class="verse " style="background-color: white; color: #444444; font-family: Roboto, Helvetica, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 20px; padding-bottom: 10px; text-align: left;"><i>Pois seja o que vier<br />Venha o que vier<br />Qualquer dia, amigo<br />Eu volto a te encontrar<br />Qualquer dia, amigo<br />A gente vai se encontrar"</i></div><p><br /></p><p>Ao querido e apressado amigo Rafael (Fael) Migliavaca, que nos deixou recentemente.</p>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-2062193229439195262024-02-14T09:38:00.000-08:002024-02-14T09:38:07.337-08:00O fracasso<p>Um barco pesqueiro que não venceu a travessia do canal, foi superado pelas ondas altas e adorna, jogando ao mar seus tripulantes e permanecendo ali exposto aos olhos do público que assiste a tudo da beira da praia, vendo agora o resgate daquelas pessoas que deveriam saber o que estavam fazendo e também a embarcação jazendo tombada sobre um banco de areia. Assistindo, enfim, a um grande fracasso...</p><p>O fracasso de cada um é assim, em maiores ou menores proporções, nos fazendo sentir que o barco virou à vista de todos e de seus julgamentos sobre o nosso erro, suas causas e consequências. Olhando para você como o timoneiro que errou o curso da proa, vacilou em cumprir com aquilo que todos o julgavam capaz e pôs tudo a perder. E agora? Agora, as ondas batem no casco de um navio derrotado, como que zombando do seu fracasso. A sensação é de que você chegou ao fim, que tudo acabou, a derrota é definitiva e permanente.</p><p>Mas...sempre subestimamos os esforços que vêm em nossa ajuda, por nós mesmos e por outros, sejam eles pessoas ou forças superiores. Quando você vê, o barco vira e a água na profundidade certa lhe restabelece a flutuação, o leme volta a responder aos seus comandos, os danos são reparados e a tripulação volta a confiar que você é capaz. E aquele erro, aparentemente fatal, que tanto você remoeu para decifrá-lo, trouxe lições que se tornaram um guia valioso e você agora atravessa, convicto, as ondas do canal até alcançar o mar aberto.</p><p>Você se tornou muito melhor porque errou, aprendeu as lições do fracasso e o utilizou para chegar ao sucesso - esse mesmo sucesso que só é digno de celebração por quem se arrisca a atravessar as grandes ondas.</p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRADspTaEpl4WvYXbh3bWLMGXV68npca3WoHTXOPWQbXChnuwOzuH61anwy1YR99MUYRLmouyh_evlQ2PWkbZL0K97n6R2CpkZiHo-aXGPZlDmpoFjdLpmz_iFi2meOZEfVZdg4RlPNpTzaRFDGwo0moYCQglD28NBGREnQaM4PpCk8110_Xd85BuyoLk/s945/Foto%20barco.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="945" data-original-width="709" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRADspTaEpl4WvYXbh3bWLMGXV68npca3WoHTXOPWQbXChnuwOzuH61anwy1YR99MUYRLmouyh_evlQ2PWkbZL0K97n6R2CpkZiHo-aXGPZlDmpoFjdLpmz_iFi2meOZEfVZdg4RlPNpTzaRFDGwo0moYCQglD28NBGREnQaM4PpCk8110_Xd85BuyoLk/w300-h400/Foto%20barco.jpg" width="300" /></a></div><br /><p><br /></p>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-77479750389790725262023-08-29T07:22:00.000-07:002023-08-29T07:22:53.306-07:00Aniversário<p>Hoje comemoro mais um aniversário, sentindo o tempo passar e a vida fluir.</p><p><br /></p><p>Agradeço a Deus por estar vivo, com saúde, recebendo o amor de pessoas queridas e me sentindo em paz.</p><p><br /></p><p>Agradeço por ainda ter gana de querer realizar coisas e desfrutar da vida, hoje em dia olhando mais para a simplicidade gratificante de pequenos momentos prazerosos e sensações positivas, especialmente quando compartilhados em boas companhias.</p><p><br /></p><p>O curso natural da vida, a meu ver, é encher-se dela ao longo do caminho até dar-se por saciado e aí pensar em descansar.</p><p><br /></p><p>Ainda tenho sede...ainda há por que viver.</p>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-39443180071110771562023-07-28T12:40:00.001-07:002023-07-28T12:40:31.961-07:00Nothing compares to Sinead O'Connor<p>Em 1990, o mundo foi impactado pela beleza e voz de Sinead O'Connor cantando <i>Nothing compares 2 U</i>. O clipe com ela cantando essa bela canção triste, de cabelo raspado e os expressivos olhos azuis era perturbador pela emoção que ela conseguia transmitir. Difícil não se apaixonar por aquela jovem e aquela voz, como o mundo todo se apaixonou e lhe rendeu todos os prêmios naquele ano. O mesmo mundo, tempos depois, virou as costas a ela, em represália por suas falas e atitudes, especialmente quando afrontou o Papa João Paulo II - em protesto contra os abusos sexuais cometidos por membros da Igreja Católica -, convertendo-se depois ao Islamismo, o que também não é simpático para o mundo ocidental. E então ela sumiu dos holofotes e foi viver suas batalhas pessoais, ela que durante a infância foi abusada por uma mãe perversa e que, no ano passado, perdeu um filho que tirou a própria vida. Talvez tenha chegado ao limite do que podia suportar, e nessas horas não importa muito quantos milhões de seguidores você tem, ou todo o dinheiro que ganhou, ou a fama que ainda possui. Tudo isso não importa quando os seus demônios são internos e você mesmo os alimenta até que eles te devoram. Pobre Sinead, perdeu ela e perdemos todos nós com a sua partida. Nothing compares to you é um excelente título para homenagear essa grande artista que, provavelmente, tivesse preferido uma vida bem diferente da que o destino lhe deu. Descanse em paz.</p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8L3lgJtzETTiFnR01AmA1OMDc_qoDLbUbO8-1Er1i-P-R-9vsz1ihE0VxX63is_m1KDALE9IvNCnr89qO5hizAfA2WUL-txqEM6uMZL7kDgaMZHStXmxesGuBaS1JyzaK2W11d-XivH4ujmzhO19gS8at9--9DP100IOlyDPQpyXbWNstrHpgflkB9Pc/s359/Sinead%20OConnor.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="278" data-original-width="359" height="248" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8L3lgJtzETTiFnR01AmA1OMDc_qoDLbUbO8-1Er1i-P-R-9vsz1ihE0VxX63is_m1KDALE9IvNCnr89qO5hizAfA2WUL-txqEM6uMZL7kDgaMZHStXmxesGuBaS1JyzaK2W11d-XivH4ujmzhO19gS8at9--9DP100IOlyDPQpyXbWNstrHpgflkB9Pc/s320/Sinead%20OConnor.PNG" width="320" /></a></div><br /><p><br /></p>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-76174875030563112232023-07-23T06:12:00.001-07:002023-07-24T12:52:35.594-07:00Nós e os nossos objetos<p style="text-align: justify;">Na vida nos afeiçoamos a pessoas, a lugares e também a objetos. Essas coisas que em algum momento foram a razão de um desejo de ter e que, após conseguidas, ficam próximas da gente, em nossas casas ou no trabalho, ao nosso alcance, sempre disponíveis para tirarmos proveito de sua utilidade. Passam a fazer parte da dimensão material de nossas vidas. Às vezes são passageiras, quase descartáveis e que pouco são lembradas. Outras vezes, chegam a ser uma referência da nossa personalidade, motivo de carinho e apego, como companheiros que carregamos na jornada da vida. Creio que todos temos coisas assim a que nos apegamos. Eu tenho o meu baixo Fender Jazz Bass que comprei em 99 e para mim é como o cavalo do Zorro, minha espada em tantas aventuras nos palcos da minha modesta carreira de músico amador e noutros tantos momentos de prática solitária. Também tenho apreço por alguns discos e livros, cujo valor estimativo ultrapassa muito o preço desses itens. Mas confesso que não lembro agora de outros objetos que sejam importantes assim pra mim, e tenho há tempos percebido uma tendência a me desfazer das coisas e a restringir meu consumo. Hoje em dia penso muito antes de fazer uma compra, não apenas pela economia, mas até me convencer da necessidade da aquisição. De qualquer modo, é inegável que os objetos podem gerar um fascínio em nós que, mais ou menos consumistas, frequentemente nos vemos seduzidos por algo cuja conquista passa a ser um objetivo, um sonho ou a próxima fatura do cartão de crédito. Muitas vezes já me peguei olhando alguns dos meus objetos mais queridos e fico pensando o que serão deles quando eu não estiver mais por aqui. Ficarão órfãos meus objetos? Abandonados à sorte de talvez encontrar um novo dono que os cuide como eu, ou até melhor. Seguirão eles também o caminho do desaparecimento comum a todas as coisas, vivas ou não? E quando eles se forem também, o que restará para que os outros se lembrem de mim, se já não haverão rastros da minha existência? Talvez esse seja um bom motivo, muitas vezes inconsciente, de possuirmos coisas: materializar a nossa própria identidade, enquanto durarmos ou enquanto durarem elas...</p>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-78383231431836178722023-07-16T06:16:00.001-07:002023-07-16T06:16:34.028-07:00Conto: Outra vez<p>Chegou antes do combinado e escolheu a mesa mais reservada, no canto ao fundo do café. Estava ansioso, há muito não se viam e a tensão de reencontrá-la estava deixando claro que ainda sentia algo por ela, além da saudade. O quê, exatamente, não sabia ao certo. Já havia lamentado muito o longo tempo em que permaneceu preso a uma certa obsessão por essa mulher, descuidando de si mesmo, e achava ter superado essa fase de sua vida, mas já não estava certo disso. Seria desejo apenas, paixão ou algum outro tipo de conexão que o envolvia a ela? Olhou melhor o ambiente e trocou de mesa - estava mesmo ansioso por esse reencontro. Ficou imaginando o que lhe diria depois de tanto tempo, o que lhe perguntar, os gostos dela que ainda lembrava, buscando conduzir uma conversa agradável. Outra vez, como tantas vezes antes, estava numa mesa de café, esperando por ela, outra vez…Como estaria hoje? Feliz? Isso tornaria mais difícil qualquer investida, pensou, mas logo se arrependeu, não queria vê-la mal e muito menos se aproveitar disso - seja lá o que sentisse, não era um babaca. Talvez, depois de tanto tempo, fosse mais fácil abordar com ela o que sentia, ao invés de ficar jogado à lona na sua presença, como sempre acontecia. Mas o que ele representaria pra ela? Era o que mais ainda gostaria de saber. Às vezes lhe parecia ser recíproca a atração entre os dois, noutras, que ela só o achava um cara legal, um amigo com quem gostava de passar alguns momentos. Sim, um amigo somente, ao invés do amante que ele desejava ser, que ele idealizava na sua preciosa fantasia. Ainda assim, seria melhor conhecer a verdade dela do que seguir dando voltas nessa dúvida. Por isso, decidiu, seria hoje, ao reencontrá-la, o dia em que colocaria as cartas na mesa. Estava chegando a hora combinada. Pensou como abordar o assunto e achou que deveria ser breve e direto. Diria apenas: <i>não consegui te esquecer e cansei de tentar. Ainda tenho alguma chance contigo? </i>Pareceu um bom plano e não tinha tempo para pensar algo melhor. Ela então surgiu na porta do estabelecimento e, vendo-o, veio trazendo um sorriso em direção a ele, que, rendido em suas defesas, diante da beleza exuberante daquela mulher arrumada para o trabalho, só conseguia pensar na grande ironia do acaso que fazia tocar no som ambiente daquele café, naquele exato momento de sua aproximação tão aguardada, uma música antiga do Roberto que diz</p><div><br /></div><div><i>“Você foi</i></div><div><i>o melhor dos meus planos</i></div><div><i>E o pior dos enganos</i></div><div><i>que eu pude fazer</i></div><div><i>Das lembranças que eu trago na vida</i></div><div><i>Você é a saudade que eu gosto de ter</i></div><div><i>Só assim, sinto você bem perto de mim</i></div><div><i>Outra vez…”</i></div>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-24065891464934264542023-06-21T14:24:00.000-07:002023-06-21T14:24:05.969-07:00Uma lição de fé<p>Em meio a tudo o que aconteceu em nossa cidade e nas cidades vizinhas em decorrência do ciclone e das fortes chuvas que atingiram a região na semana passada, com perda de vidas e imensos prejuízos para muita gente, especialmente aqui ao lado em Caraá, veio dali mesmo uma história inspiradora de sobrevivência. Uma senhora de 58 anos foi arrastada de sua residência pela correnteza do Rio dos Sinos por cerca de 20 km, quando conseguiu agarrar-se ao tronco de uma árvore, permanecendo assim por 36 horas até ser resgatada por vizinhos. Questionada sobre como resistiu a todo esse tempo no esforço de sobreviver, na chuva e no frio, ela serenamente respondeu que tinha fé em Deus e que queria muito ver novamente seus filhos. Diante de uma situação assim, extrema e quase inimaginável, sua sobrevivência pode ter sido mesmo um milagre, como ela acredita que foi, mas também nos ensina sobre a importância de ter fé, seja em Deus ou seja num propósito pelo qual vale a pena manter-se firme diante de qualquer adversidade. A lição de fé da Dona Roseli nos ensina muito sobre o poder da esperança diante das correntes adversas a que a vida pode nos levar.</p><p><i>“Tive calma para me salvar. Quero dizer que as pessoas não precisam entrar em pânico. Não chorei pela morte do meu marido, que não aconteceu. Sou o verdadeiro milagre de Deus. As pessoas têm de ter esperança. Sempre há uma chance para se salvar. Deus tem um plano para mim. Não sei ainda qual é, mas vou descobrir”.</i></p><p>Link da reportagem: <a href="https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/cidades/s%C3%B3-queria-ver-meus-filhos-de-novo-diz-moradora-de-cara%C3%A1-que-ficou-presa-em-%C3%A1rvore-por-36-horas-1.1050696">"Só queria ver meus filhos de novo", diz moradora de Caraá que ficou presa em árvore por 36 horas (correiodopovo.com.br)</a></p>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-25714158553191268252023-06-04T17:34:00.002-07:002023-06-05T05:54:41.871-07:00Conto: Só<p><span style="font-family: arial;">Olhava a lugar nenhum em meio ao burburinho, ou melhor, para dentro de si, em seus pensamentos, onde voltava sempre a se encontrar, especialmente desde uns anos, quando percebeu que os últimos vestígios da juventude se desvaneciam e que estava só. Sem os pais, falecidos, e com os irmãos, sobrinhos, cunhadas e todo o restante da família cuidando de suas próprias vidas e lhe destinando algum aconchego ocasionalmente, não sabendo bem se por amor ou piedade. Estava só. Os relacionamentos não prosperaram, não teve filhos, estava consigo mesma. As amigas, poucas e também sós, cada vez irradiavam mais amargura do que alento. Havia passado dos 50 anos e para além da "idade útil", segundo a noção cruel de como se via aos olhos dos outros. Naquela festa de família, não era mais a criança que corria entre os adultos, nem a mocinha que recebia a atenção de todos por seus encantos. Ainda se mostrava bonita, mas os traços do tempo se destacavam, como um espelho trincado, os vincos na pele e o brilho perdido no olhar de quem conviveu com a dor e a perda, de si mesma e de todo um mundo que era o seu, e dos sonhos e da esperança, a que tantas vezes recorreu, e do tempo de tantas coisas que poderiam ter sido diferentes mas não foram, passaram, deixando o gosto amargo de um quase desperdício. Os caminhos conduziam agora a poucas saídas. Encontrar alguém, ter sua própria família, um grande êxito pessoal, não eram mais esperados a essa altura. Estava só e só havia a si mesma para estar. Queria aproveitar aquele momento na companhia de seus familiares, sabendo que ia ser pior quando chegasse em casa, ainda que a solidão agora a acompanhasse por todo o lugar, mas sozinha, por vezes, tinha receio de onde seus pensamentos poderiam lhe levar. Naquele ambiente de festa, sorria um sorriso pronto enquanto imaginava se a vida era diferente para esses outros e todos os demais, e apiedou-se deles porque ao viver a maior das solidões sabia, convicta, que todos somos solitários e alguns, no máximo, compartilham sua solidão com outras pessoas. Mas, talvez, quem sabe ainda, poderia ser diferente se tivesse alguém para amar...e suspirou, novamente, o mesmo velho suspiro.</span></p><p><br /></p>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-71384016341603301532023-05-28T14:42:00.001-07:002023-05-29T05:21:17.859-07:00Histórias de amor e rock'n roll<div style="text-align: left;">Recentemente, a música perdeu duas mulheres expoentes do rock: a nossa rainha
Rita Lee e a mundialmente conhecida Tina Turner. Muito já se disse sobre suas
vidas, obra e o legado de cada uma para as próximas gerações. Uma e outra, de
seu modo, revolucionaram para além do cenário musical, abrindo caminho para a
presença feminina no universo machista do rock e abalando o conservadorismo
social. Disso tudo que se disse sobre elas, me chama a atenção as histórias de amor
que marcaram suas trajetórias, ao mesmo tempo tão diferentes mas com um final
que se pode dizer parecido. A de Rita foi com Roberto de Carvalho - o parceiro
em todos os sentidos -, com quem permaneceu por 46 anos, constituiu família e
formou um belo casamento também na composição de tantas músicas, muitas delas
revelando a intimidade do casal, como as sensuais Mania de Você ("Meu bem você
me dá/água na boca/vestindo fantasia/tirando a roupa"), Caso Sério ("Numa noite de verão/Ai, que coisa boa/À meia luz, a sós, à toa") e Doce Vampiro ("Venha me
beijar/Meu doce vampiro"), até Desculpe o Auê, um pedido de desculpas após uma
crise de ciúme da cantora. Juntos, compuseram Coisas da Vida, a meu ver, uma das melhores despedidas a alguém que partiu ("Ah, são coisas da vida/E a gente não sabe se
vai ou se fica"). Tiveram seus problemas, obviamente, sobretudo pelos vacilos de Rita com drogas, que ela mesma expôs em sua excelente autobiografia. Mas, juntos, defenderam um amor a dois no meio conturbado do rock nacional desde os loucos anos 70 e 80 até o fim. Tina Turner, a sua vez, alcançou o sucesso ao lado de Ike Turner, que a levou até a fama e lhe deu o sobrenome, ao mesmo tempo em que a fez vítima da violência e humilhação. A cantora, literalmente, teve de fugir do relacionamento abusivo e caiu no ostracismo, até retornar de forma gloriosa com o álbum Private Dancer, de 1983, e a participação no filme <i>Mad Max - Além da Cúpula do Trovão</i>, em que atua e canta o sucesso We Don't Need Another Hero. Se você já ia ao cinema nos anos 80, como eu, vai lembrar dessa música...Daí em diante, Tina ganhou o estrelato mundial como poucos outros, homens ou mulheres, conseguiram. Só no Brasil, em 1988, ela colocou 182 mil pessoas no Maracanã, nesse que ainda é o recorde mundial de público pagante para uma cantora solo. Quanto ao amor, ela o reencontrou de um jeito inusitado, quando o produtor e empresário alemão, Erwin Bach, foi designado pela gravadora da artista a recebê-la no aeroporto. O ano era 1986 e ele era 16 anos mais novo que ela, o que não os impediu de ficarem juntos desde então. Em 2017, ele salvou sua vida, doando-lhe um rim que, provavelmente, a permitiu viver por mais 6 anos. Ambas, Rita e Tina, viveram bonitas e improváveis histórias de amor, o mesmo amor que cuidou delas ao final de suas vidas, que lhes deu a paz e a tranquilidade que necessitavam e mereciam para encerrarem suas histórias vitoriosas na música...e no amor.</div><div style="text-align: left;"><br /></div>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-87419394971122459282023-04-25T07:46:00.000-07:002023-04-25T07:46:36.340-07:00Diários da pandemia - #Dia 12: poesia entre paredes<p><b style="color: #222222; text-align: justify;">Durante os 12 dias que ficamos em isolamento, no início da pandemia de Covid-19, eu e minha esposa decidimos escrever diariamente sobre um tema que escolhíamos, relacionado àquele momento de tensão e incerteza, tentando nos manter serenos e filtrar o bombardeio de notícias, fake news e tudo o mais que vinha da rua. </b></p><h4 style="text-align: justify;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="background-color: white; color: #222222;">Passados 3 anos desses dias isolados e do pior da pandemia, vou reproduzir aqui - com permissão da Cacá - esses textos que refletem como estávamos vendo e vivendo aquele período tão diferente de tudo o que havíamos vivido até então, e que nos ajudaram a ficarmos conectados à realidade e a nós mesmos.</span></h4><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u><br /></u></b></div><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u>#DIA 12 (01/04/2020) - TEMA: <i>POESIA ENTRE PAREDES</i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u><i><br /></i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">Ela:</span></b></div><div><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"><br /></span></div><div><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">"A
poesia é um revólver apontado ao coração”.
</span><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">E o poeta para mim, aquele que consegue ao escrever traduzir
o mundo como o vê, e nos tornar parte dele, ou ele parte nossa. Percebe o
que nos move e revela, dá nome às sensações que vivemos e não explicamos – puxa
o gatilho. Em outras palavras, aquele que coloca as “nossas casas” no papel.
Não imagino um cotidiano sem poesia: por isto não saberia viver em um lugar
silencioso, objetivo e cartesiano. Não reconheceria um espaço totalmente
planejado como sendo meu: porque não acredito na apropriação sem sentimento. Um
lugar para ter poesia precisa ter arranhão no piso e mancha de vinho na
bancada. Precisa ter memórias: aquele postal do lugar querido, o quadro dos Beatles,
a bandeja herdada... Nossas lembranças colhidas no passar dos anos, nossas
cicatrizes. Precisa ter objetos com potencial poético, porque são eles que
exercitam nossa imaginação e reforçam o amor em nossas vidas – e não é isto que
nos faz humanos? Que estes dias em que vivemos entre quatro paredes sirvam para
descobrirmos os diferentes mundos que existem dentro delas, e que possamos nos
apropriar destes mundos levando sua beleza conosco para as ruas quando o
isolamento passar... Nos tornando poetas em nossas próprias vidas.</span></div><div style="text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">Eu:</span></b></div><div><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div><span style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">A poesia é um respiro</span></div><div><span style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">
<p class="MsoNormal" style="background: white;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">um refúgio<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">um bálsamo<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">uma janela para um mundo incerto<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Traz esperança<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Reconforta<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white;"><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">A poesia contagia, previne e cura.<b><o:p></o:p></b></span></p><br /></span></span></div>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-67464704170626943392023-04-24T07:32:00.001-07:002023-04-24T07:32:13.662-07:00Diários da pandemia - #Dia 11: o machismo no isolamento<p><b style="color: #222222; text-align: justify;">Durante os 12 dias que ficamos em isolamento, no início da pandemia de Covid-19, eu e minha esposa decidimos escrever diariamente sobre um tema que escolhíamos, relacionado àquele momento de tensão e incerteza, tentando nos manter serenos e filtrar o bombardeio de notícias, fake news e tudo o mais que vinha da rua. </b></p><h4 style="text-align: justify;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="background-color: white; color: #222222;">Passados 3 anos desses dias isolados e do pior da pandemia, vou reproduzir aqui - com permissão da Cacá - esses textos que refletem como estávamos vendo e vivendo aquele período tão diferente de tudo o que havíamos vivido até então, e que nos ajudaram a ficarmos conectados à realidade e a nós mesmos.</span></h4><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u><br /></u></b></div><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u>#DIA 11 (31/03/2020) - TEMA: <i>O MACHISMO NO ISOLAMENTO</i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u><i><br /></i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">Ela:</span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><p class="MsoNormal"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">O
isolamento social segue desafiando e revelando... O que por algum tempo pareceu
uma oportunidade de resgate da vida doméstica, com a redução do ritmo de
trabalho e a redescoberta de cantinhos, livros e objetos queridos que estavam
de lado, se transforma gradualmente em motivo de apreensão e estranhamento.
Começamos a perceber o machismo do nosso dia a dia. Aquele que nós nem notamos
porque fica nas entrelinhas, enrustido, resultado de nossa criação e da
sociedade em que nos formou. Curiosamente neste tipo de machismo, sofrem os dois-
pois não há relação de domínio, apenas suas consequências permeando a
relação... O charme da divisão de tarefas já não tem tanta graça e não notamos
mais sorrisos ou empolgação no preparo das refeições ou na arrumação do jardim-
nosso parceiro está preocupado em voltar a priorizar seu trabalho, seu sucesso:
o resgate de sua autoestima passa necessariamente por isto. Também sentimos
falta de nossa individualidade, de nosso trabalho, da rotina antiga: mas
conseguimos com facilidade ser confortadas pela casa- sempre tivemos mais
intimidade com ela. Para nossos companheiros, ela ainda não é reconhecida como
espaço de pertencimento, e em algum momento eles “descobrem” estar invadindo um
lugar que no fundo entendem ser essencialmente feminino. Infelizmente, ainda
não vivemos em território neutro...<b><o:p></o:p></b></span></p></span></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">Eu: </span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><p class="MsoNormal" style="background: white;"><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Estar em isolamento é difícil pra
todos, mas pior pra alguns e pior ainda pra algumas, as mulheres, vítimas do
machismo e, muitas vezes, de sua face mais sinistra: a violência contra a
mulher. Compartilhar o confinamento com seu algoz, torna a situação que já é
por si só estressante em desesperadora, ainda mais quando há filhos menores
envolvidos. Por outro lado, o machismo pode sair dessa pandemia enfraquecido e
os casais fortalecidos, se o tempo isolados servir para uma melhor divisão de
tarefas da casa, maior diálogo e compreensão mútua. Seria bom...<b><o:p></o:p></b></span></p><br /></span></span></div>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-8666387064200369052023-04-23T14:06:00.004-07:002023-04-23T14:06:46.118-07:00Diários da pandemia - #Dia 10: política<p><b style="color: #222222; text-align: justify;">Durante os 12 dias que ficamos em isolamento, no início da pandemia de Covid-19, eu e minha esposa decidimos escrever diariamente sobre um tema que escolhíamos, relacionado àquele momento de tensão e incerteza, tentando nos manter serenos e filtrar o bombardeio de notícias, fake news e tudo o mais que vinha da rua. </b></p><h4 style="text-align: justify;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="background-color: white; color: #222222;">Passados 3 anos desses dias isolados e do pior da pandemia, vou reproduzir aqui - com permissão da Cacá - esses textos que refletem como estávamos vendo e vivendo aquele período tão diferente de tudo o que havíamos vivido até então, e que nos ajudaram a ficarmos conectados à realidade e a nós mesmos.</span></h4><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u><br /></u></b></div><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u>#DIA 10 (30/03/2020) - TEMA: <i>POLÍTICA</i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u><i><br /></i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">Ela:</span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Disse
Aristóteles que“ o homem é, naturalmente, um animal político”. E sendo a
política, em uma sentido mais amplo,” tudo o que se relaciona a grupos
que integram a sociedade organizada”, realmente todos somos parte deste
mal necessário, como a chamamos vulgarmente. Embora resistamos em admitir. Esta
resistência que possuímos em nos entendermos como seres políticos pode ser um
dos grandes problemas da ordem social como ela se encontra hoje. É confortável
e conveniente resumirmos a política a um contexto partidário, porque podemos
escolher entre fazer ou não parte dele, conforme nossa disposição e vontade.
Não nos damos conta de que desta forma acabamos resumindo a política a uma
profissão vulgar: onde muitas vezes se candidatam à vaga, em função do contexto
em que as premissas foram consolidadas, os mais vaidosos ou aqueles que
procuram um emprego bem remunerado sem muito esforço. Ironicamente,
chegamos da pior maneira possível ao momento onde ninguém mais pode ignorar
ou negar a política. Em uma situação de absoluta urgência e caos iminente, são
os nossos representantes político-partidários que estão na linha de frente,
apoiando ( como deveria ser) ou contrapondo-se a posicionamentos técnicos,
sendo peças-chave no sentido da organização e do preparo da sociedade para os
dias que virão. Alguns se afirmam, com posturas positivas e discursos
convincentes e agregadores, outros são desmascarados em sua ignorância e/ou
arrogância – qualidades que somadas ao poder político podem ser letais. Será
que ainda há tempo de repensarmos nossa importância nisto tudo, entendendo que
somos os verdadeiros políticos e agentes das mudanças, antes que a sociedade
como ela é entre em colapso? E por onde começamos?</span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: arial;"><b>Eu:</b></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Já dizia Aristóteles que o Homem é um
animal político, mas o homem político é um animal peculiar. A política, no
senso comum, é vista como um mal necessário. Algo a que muitos têm aversão,
desprezo, mas que ninguém nega ser imprescindível a uma sociedade organizada,
aliás, como organizar um grande grupo de pessoas sem fazer política? Outros a
confundem com pura negociação, quando esta é ínsita ao trato político mas não a
esgota, porque não explica o fato de que sua finalidade não é atender os
interesses pessoais do negociador, mas sim os coletivos dos que são por ele
representados - ou ao menos deveria ser assim. Justamente por isso, a política
deveria ser a tarefa humana mais elevada, por visar o bem comum. No entanto, o
que se vê é a política ser dominada por políticos que a denigrem e, como seria
de se esperar, prejudicam aqueles a quem deveriam favorecer, seja por
pilantragem e favorecimento pessoal, seja por total incompetência ou despreparo
para a função. Nesses dias, estamos vendo o barco ser conduzido por um
timoneiro ignorante e inapto para a travessia dessa grande tempestade. O que
irá acontecer, se afundaremos ou se seremos salvos num motim, ou pela sorte, é
algo que ainda vamos descobrir e, espero, nos ensine muito sobre a importância
da política e de escolher bons políticos.</span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: arial;"><b></b></span></div>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-30790809386651222682023-04-21T19:10:00.001-07:002023-04-23T14:06:55.655-07:00Diários da pandemia - #Dia 9: prudência e caldo de galinha...<p> <b style="color: #222222; text-align: justify;">Durante os 12 dias que ficamos em isolamento, no início da pandemia de Covid-19, eu e minha esposa decidimos escrever diariamente sobre um tema que escolhíamos, relacionado àquele momento de tensão e incerteza, tentando nos manter serenos e filtrar o bombardeio de notícias, fake news e tudo o mais que vinha da rua. </b></p><h4 style="text-align: justify;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="background-color: white; color: #222222;">Passados 3 anos desses dias isolados e do pior da pandemia, vou reproduzir aqui - com permissão da Cacá - esses textos que refletem como estávamos vendo e vivendo aquele período tão diferente de tudo o que havíamos vivido até então, e que nos ajudaram a ficarmos conectados à realidade e a nós mesmos.</span></h4><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u><br /></u></b></div><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u>#DIA 9 (29/03/2020) - TEMA: <i>PRUDÊNCIA E CALDO DE GALINHA...</i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u><i><br /></i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">Ela:</span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span face="Arial, sans-serif" style="color: #222222; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span face="Arial, sans-serif" style="color: #222222; font-size: 12pt;">Nestes
dias de reclusão, buscamos ânimo e alegria, entre outras coisas, resgatando
paixões. O livro de receitas que ficou de lado, o jardim que deixamos para
cuidar depois, e os livros... A leitura sempre foi um gosto comum em
nossa casa, e temos um acervo que nestes dias está sendo muito visitado para
empréstimos e releituras- ou reencontros. Nos últimos dias, os escolhidos por
nós continham muito mais do que uma história: para nossa supresa, nas suas
primeiras páginas, encontramos palavras da minha querida avó... que dividia sua
paixão pela literatura conosco, e deixava lindos recados em cada livro que nos
presenteava. Palavras cuidadosamente escolhidas, vindas do coração e filtradas
pela sua inteligência e sensibilidade, que sempre farão sentido e nos
emocionarão. Uma de suas máximas, que guardo para minha vida, era a frase:
“ filha, se não tiver nada de bom para dizer sobre alguém ou alguma
situação, fique calada.” Em outras palavras, reflita antes de expor seus
sentimentos e pensamentos. Seja gentil. Seja prudente- prudência é sabedoria: e
minha avó era sábia, definitivamente. Nos tempos de #prontofalei, com as redes
sociais repletas de palavras muitas vezes escritas ou ditas sem qualquer
reflexão mais profunda ou preocupação com suas consequências, talvez isto
pareça “ démodé”... Mas nestes últimos dias, percebo que talvez finalmente
estejamos nos dando conta novamente do poder das palavras: de como elas
influenciam nossas vidas. Talvez tenhamos que, por conta da necessidade,
resgatar outra paixão que grande parte de nós deixou para trás: a prudência...</span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">
<p class="MsoNormal" style="font-weight: bold;"><b><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></p><p class="MsoNormal" style="font-weight: bold;"><b><span style="font-family: arial;">Eu:</span></b></p></span></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span face="Arial, sans-serif" style="color: #222222; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span face="Arial, sans-serif" style="color: #222222; font-size: 12pt;">O planeta encontra-se numa
encruzilhada de dimensões talvez nunca antes vistas: priorizar a saúde ou a
economia? Poderia parecer óbvio que a saúde pública seria prioridade a qualquer
governante, mas os efeitos sociais devastadores de uma depressão econômica
generalizada atemorizam tanto quanto (ou mais) a perda de vidas no rastro do
Coronavírus. Acredito que a escolha pela vida prevalecerá, no sentido de dar
prioridade para que haja o menor número de vítimas possível dessa pandemia.
Sendo esse o norte, os governos deverão seguir permitindo atividades econômicas
conforme sua essencialidade e financiando a renda dos menos favorecidos,
enquanto seguimos preparando os meios para enfrentar o inevitável aumento de
casos que alcançará o sistema de saúde. Daqui do nosso isolamento individual,
por sua vez, a precaução deixou de ser uma virtude abstrata para se tornar um
hábito materializado numa série de cuidados com a higiene pessoal e,
infelizmente, no distanciamento social de tantos com quem queríamos estar. Diante
de uma crise em que vidas perdidas não podem ser recuperadas - ao contrário de
perdas econômicas -, e de uma doença que não se cura com canja de galinha,
precaver-se ainda é o melhor remédio.</span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><br /></div>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-5581653620246542532023-04-20T11:44:00.002-07:002023-04-20T11:44:53.708-07:00Diários da pandemia - #Dia 8: neuroses<p><b style="color: #222222; text-align: justify;">Durante os 12 dias que ficamos em isolamento, no início da pandemia de Covid-19, eu e minha esposa decidimos escrever diariamente sobre um tema que escolhíamos, relacionado àquele momento de tensão e incerteza, tentando nos manter serenos e filtrar o bombardeio de notícias, fake news e tudo o mais que vinha da rua. </b></p><h4 style="text-align: justify;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="background-color: white; color: #222222;">Passados 3 anos desses dias isolados e do pior da pandemia, vou reproduzir aqui - com permissão da Cacá - esses textos que refletem como estávamos vendo e vivendo aquele período tão diferente de tudo o que havíamos vivido até então, e que nos ajudaram a ficarmos conectados à realidade e a nós mesmos.</span></h4><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u><br /></u></b></div><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u>#DIA 8 (28/03/2020) - TEMA: <i>NEUROSES</i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u><i><br /></i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">Ela:</span></b></div><div><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div><span style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Este
é o melhor momento possível para decidirmos no que acreditar e agirmos em favor
disto. Tivemos tempo de buscar informação, analisá-la, depurá-la e criar nosso
entendimento sobre o assunto. Mesmo assim, nossa visão segue turva, confusa: e
sem foco. Mesmo estando “sãos e salvos” no conforto de nossas casas, convivemos
com a sensação de que não é permitido desfrutarmos do momento ou termos
qualquer atitude positiva. A culpa de estarmos, por qualquer motivo, alegres ou
esperançosos, nos consome. Somos neuróticos. Basicamente, todos os sentimentos
e emoções negativas são valorizados por nós. Precisamos, em função do
isolamento, dividir nossos sentimentos com você por todos os meios possíveis.
Não podemos de forma alguma deixar de tirar proveito deste momento: sabemos que
você irá fraquejar em seu otimismo e quanto antes isto acontecer, mais rápido
teremos mais um a compartilhar neuroses em família e nas redes sociais. Nossas
neuras serão suas também- e nos alimentamos delas. Resistindo a tudo isto?
Insistindo em ser feliz? Tudo bem, temos muito tempo. Ouvimos dizer que o
confinamento durará muito mais do que imaginamos, que será um ano de desgraças
e perdas: em algum momento você desistirá e virá para nosso lado...<o:p></o:p></span></p></span></span></div><div style="text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div><span style="color: #222222; font-family: arial;"><b>Eu:</b></span></div><div><span style="color: #222222; font-family: arial;"><b><br /></b></span></div><div><p class="MsoNormal" style="background: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-size: 12pt;"><span style="font-family: arial;">O isolamento é o ambiente propício pra
desenvolver neuroses. Imagine então quando se está isolado em casa, recebendo
um bombardeio de informações alarmantes e outro tanto de fake news de todos os
tipos por grupos de WhatsApp, vindas de amigos que nessas horas parecem
terroristas dispostos a explodir tua sanidade. Nesse ambiente, em que
geralmente você ainda tem que conviver com outras pessoas que moram sob o mesmo
teto, criando suas próprias neuroses, qualquer fagulha insignificante pode ser
o estopim de uma guerra mundial entre quatro paredes. A propósito disso, ando
perdendo a razão cada vez que vou acender um fósforo para ligar o fogão e o
primeiro sempre apaga. Sempre! Isso acontece com você também? Não! Quer dizer
que é um problema meu? Ou você não usa mais fósforo? Deve ter um fogão controlado
pela mente nesse teu apartamento de merda, né, seu bostinha arrogante?! O que
tu quer se metendo na minha vida? Neurose o quê!? Eu!? Tá louco, seu filho da p***!</span></span></p><span style="color: #222222; font-family: arial;"><b></b></span></div>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-37800193714685446132023-04-19T11:12:00.001-07:002023-04-20T11:38:35.747-07:00Diários da pandemia - #Dia 7: amor em tempos de coronavírus<p><b style="color: #222222; text-align: justify;">Durante os 12 dias que ficamos em isolamento, no início da pandemia de Covid-19, eu e minha esposa decidimos escrever diariamente sobre um tema que escolhíamos, relacionado àquele momento de tensão e incerteza, tentando nos manter serenos e filtrar o bombardeio de notícias, fake news e tudo o mais que vinha da rua. </b></p><h4 style="text-align: justify;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="background-color: white; color: #222222;">Passados 3 anos desses dias isolados e do pior da pandemia, vou reproduzir aqui - com permissão da Cacá - esses textos que refletem como estávamos vendo e vivendo aquele período tão diferente de tudo o que havíamos vivido até então, e que nos ajudaram a ficarmos conectados à realidade e a nós mesmos.</span></h4><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u><br /></u></b></div><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u>#DIA 7 (27/03/2020) - TEMA: <i>AMOR EM TEMPOS DE CORONAVÍRUS</i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u><i><br /></i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">Ela:</span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><span face="Arial, sans-serif" style="font-size: 12pt;">Hoje meus abraços
mais do que nunca são apenas teus, e os beijos só posso dar em ti: és
minha única conexão física neste momento, no mundo. Isto não me assusta ou
preocupa: pelo contrário, me conforta e consola. Tendo teus abraços e beijos me
sinto recarregada, preparada, alimentada. Completa. Sou feliz. Por isto, neste
dia que é tão nosso, te faço uma proposta: nos unirmos para algumas horas de
alienação. Vamos nos afastar de nossas consciências, de nossos posicionamentos,
dos celulares, das notícias- da razão. Vamos, ao menos por esta noite, nos
preocuparmos somente em celebrar nosso amor - para que não esqueçamos o quanto
ele é raro e especial... E para voltarmos ao mundo como ele é amanhã movidos
pela força do amor, como sempre deve ser- e apesar de todo o resto. Amo-te.</span></span></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: arial;"><b><br /></b></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: arial;"><b>Ele:</b></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span face="Arial, sans-serif" style="color: #222222; font-family: arial; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span face="Arial, sans-serif" style="color: #222222; font-family: arial; font-size: 12pt;">Hoje comemoramos 28 anos juntos! De
uma certa forma, sempre vivemos nosso isolamento social, que existe naquela
intimidade de um casal que se gosta e compartilha suas opiniões, angústias,
sonhos e desilusões a respeito de tudo. Sempre fomos bons nisso, de nos
sentirmos bem na companhia do outro apenas, mesmo quando ficamos em silêncio ou
fazendo algo sozinhos, mas sabendo que o amor está ali presente. Ele que nos
faz sentir vivos, também nos conforta quando temos medo ou perdemos a fé nas
coisas desse mundo, pelo que também é uma base segura para o equilíbrio tão
necessário nesses dias. Hoje, está mais fácil enlouquecer de informação do que
de amor, por isso prefiro amar bem lúcido e aproveitar todo o bem que isso me
faz: te amar!</span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: arial;"><b></b></span></div>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-89388473185185048622023-04-18T09:45:00.001-07:002023-04-18T09:45:43.883-07:00Diários da pandemia - #Dia 6: informação<p><b style="color: #222222; text-align: justify;">Durante os 12 dias que ficamos em isolamento, no início da pandemia de Covid-19, eu e minha esposa decidimos escrever diariamente sobre um tema que escolhíamos, relacionado àquele momento de tensão e incerteza, tentando nos manter serenos e filtrar o bombardeio de notícias, fake news e tudo o mais que vinha da rua. </b></p><h4 style="text-align: justify;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="background-color: white; color: #222222;">Passados 3 anos desses dias isolados e do pior da pandemia, vou reproduzir aqui - com permissão da Cacá - esses textos que refletem como estávamos vendo e vivendo aquele período tão diferente de tudo o que havíamos vivido até então, e que nos ajudaram a ficarmos conectados à realidade e a nós mesmos.</span></h4><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u><br /></u></b></div><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u>#DIA 6 (26/03/2020) - TEMA: <i>INFORMAÇÃO</i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u><i><br /></i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">Ela:</span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Voltou
à sua cidade natal há poucos dias, depois de um período longo na Europa, cheio
de saudades e histórias para contar. Foi recebido pelos seus pais, que o
levaram diretamente à casa dos avós- aqueles abraços foram sonhados por meses.
Decidiu então comemorar o retorno: planejou um encontro com família e amigos.
Naquela tarde comprou comes e bebes e aproveitou o tempo livre para dar uma
caminhada e reencontrar conhecidos. Em uma cidade pequena como a dele, todos em
algum momento fizeram parte de sua rotina-por isto abraços, sorrisos e beijos
não eram economizados. Ele não sabia, mas trazia na bagagem mais do que
saudade: colocando todos em risco- com apenas seu carinho, quem diria.” Poderia
ter acontecido aqui, em nossa cidade. O que fez com que ela hoje esteja (
ainda) segura, e não tenha se tornado forte candidata a uma
tragédia, como as que assistimos em algumas outras cidades do mundo? O bom uso
da informação. Estamos ainda aprendendo a lidar com tantos meios e formas de
comunicação, e compreendendo que a informação pode ser veneno ou antídoto,
apresentar problemas ou soluções, fomentar união ou discórdia: pois chega
a nós já depurada, e por quem não sabemos. Quem produz a informação
possui a responsabilidade de a repassar sem distorções ou manipulações – e
justamente pela disseminação dos meios de transmissão, se multiplicam as
notícias de origem duvidosa, mal interpretadas ou pessimamente repassadas. Uma
grande ironia: quanto mais as temos, parece que menos sabemos. Acredito
que nestes tempos de isolamento físico, um dos nossos grandes desafios seja
desenvolvermos uma nova relação com a informação: mais íntima, crítica e
inteligente-procurando fontes, comparando notícias, questionando antes de acreditar.
Entendermos que somos parte do processo, agentes de sua propagação. A
informação ( ou a falta dela) pode mudar o curso das coisas, para o bem
ou para o mal.</span><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">E seu bom uso mais
do que nunca depende de nossos cuidado e atenção.</span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">Eu: </span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">Tanto quanto a linguagem, da qual
deriva, a informação é um dos pilares da sociedade, servindo ao individual e ao
coletivo a ponto de ser difícil imaginar uma ordem social mínima sem ela. A
informação nos orienta, instrui, protege e nos permite criar estratégias de
como nos conduzirmos em qualquer situação. Nesses dias em que estamos sob a
ameaça de um inimigo onipresente e ainda pouco conhecido, a informação funciona
como um guia de sobrevivência e como uma janela aberta sobre o panorama do combate
à pandemia. A evolução da doença e seu enfrentamento pelas autoridades
públicas, as consequências econômicas e as medidas para sua mitigação, tudo
chega até nós pela informação. O problema é que chega também a informação
falsa, tendenciosa, incompleta, alarmista, que, sob vários pretextos, até mesmo
como simples piada, confunde e desorienta. Além disso, a fake news é talvez a
mais contagiosa de todas as pragas, disseminando-se nos meios digitais e
incubando nas mentes pouco esclarecidas, com graves efeitos sobre os juízos de
valor e a correta percepção da realidade. A falsa informação pode, assim,
tornar muito mais difícil a solução de um problema bem verdadeiro...</span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></span></div>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-15792343152661518082023-04-17T05:12:00.002-07:002023-04-18T09:42:28.326-07:00Diários da pandemia - #Dia 5: indignação<p><b style="color: #222222; text-align: justify;">Durante os 12 dias que ficamos em isolamento, no início da pandemia de Covid-19, eu e minha esposa decidimos escrever diariamente sobre um tema que escolhíamos, relacionado àquele momento de tensão e incerteza, tentando nos manter serenos e filtrar o bombardeio de notícias, fake news e tudo o mais que vinha da rua. </b></p><h4 style="text-align: justify;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="background-color: white; color: #222222;">Passados 3 anos desses dias isolados e do pior da pandemia, vou reproduzir aqui - com permissão da Cacá - esses textos que refletem como estávamos vendo e vivendo aquele período tão diferente de tudo o que havíamos vivido até então, e que nos ajudaram a ficarmos conectados à realidade e a nós mesmos.</span></h4><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u><br /></u></b></div><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u>#DIA 5 (25/03/2020) - TEMA: <i>INDIGNAÇÃO</i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u><i><br /></i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">Ela:</span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span face="Arial, sans-serif" style="color: #222222; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span face="Arial, sans-serif" style="color: #222222; font-size: 12pt;">Indignar-se.
Ser provocado. Desgostar-se, aborrecer-se, zangar-se, irritar-se, irar-se.
Molestar-se, ofender-se. Seria a indignação aquela centelha necessária
para repensarmos as coisas, questionarmos, iniciarmos o movimento de
mudança? Ou ela traria consigo ira, ranço, cegueira - nos impedindo
de pensarmos com clareza em como devemos agir perante a situação
que nos desagrada? É difícil mensurar, encontrar o equilíbrio e ponderar nos
momentos difíceis: entender se a indignação está nos causando o
desconforto necessário ou nos empurrando ladeira abaixo, nos afastando do
que acreditamos e de quem somos. Exercitar a empatia – colocar-se no lugar do
outro- parece praticamente impossível quando nos sentimos feridos, manipulados
ou provocados e, consequentemente, indignados. Mas talvez o correto seja
fazermos exatamente isto: procurar entender o que levaria uma pessoa a
desencadear estes sentimentos negativos em nosso íntimo. Quais suas motivações
e objetivos: o que ela pretende quando nos provoca. Se depois disto ainda nos
sentirmos feridos e provocados, agirmos ponderada e conscientemente, mantendo a
capacidade de discernimento acima da nossa indignação. Precisamos entender,
acima de tudo, que nenhum sentimento negativo deve ser a justificativa para
atos que não condizem com nossa forma de viver e pensar. Nossa verdade é o que
temos de mais precioso, e só nos sentimos confiantes e fortes quando percebemos
que agimos através dela.</span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: arial;"><b><br /></b></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: arial;"><b>Eu:</b></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span face="Arial, sans-serif" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: #222222; font-size: 12pt;"><br /></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span face="Arial, sans-serif" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; color: #222222; font-size: 12pt;">Dia de indignação contra a ignorância, que, a
seu modo, pode ser a pior das epidemias e impor os maiores danos. </span><span face="Arial, sans-serif" style="color: #222222; font-size: 12pt;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">E a indignação é maior quando nos sentimos
impotentes frente à ignorância alheia, que não é ignorante só por ser alheia,
mas por atentar contra qualquer razoabilidade. </span><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">Indignação por ver o errado, o injusto e o mal
ocuparem espaços que lhes seriam inadmissíveis, mas dos quais se apropriaram e
de onde obscurecem qualquer racionalidade, apesar dos protestos dos que,
indignados, ainda enxergam com alguma clareza. </span><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">No entanto, a indignação forma as ondas que
provocam as rachaduras que levam à ruptura de uma situação insustentável, e
assim sucessivamente, até que o equilíbrio se instala, ao que também chamamos
de paz ou, apenas, bom senso.</span></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: arial;"><b></b></span></div>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-76024742561444497302023-04-16T06:19:00.001-07:002023-04-18T09:42:17.279-07:00Diários da pandemia - #Dia 4: perdas e ganhos<p><b style="color: #222222; text-align: justify;">Durante os 12 dias que ficamos em isolamento, no início da pandemia de Covid-19, eu e minha esposa decidimos escrever diariamente sobre um tema que escolhíamos, relacionado àquele momento de tensão e incerteza, tentando nos manter serenos e filtrar o bombardeio de notícias, fake news e tudo o mais que vinha da rua. </b></p><h4 style="text-align: justify;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="background-color: white; color: #222222;">Passados 3 anos desses dias isolados e do pior da pandemia, vou reproduzir aqui - com permissão da Cacá - esses textos que refletem como estávamos vendo e vivendo aquele período tão diferente de tudo o que havíamos vivido até então, e que nos ajudaram a ficarmos conectados à realidade e a nós mesmos.</span></h4><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u><br /></u></b></div><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><u>#DIA 4 (24/03/2020) - TEMA: <i>PERDAS E GANHOS</i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u><i><br /></i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">Ela:</span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><p class="MsoNormal"><span face="Arial, sans-serif" style="font-size: 12pt;">E
finalmente a vida se revela como realmente é: uma grande sala de jogos de </span><span face="Arial, sans-serif" style="font-size: 12pt;">azar.
Estamos todos nela, somos seus apostadores. Pelos cantos do lugar,
encostados nas colunas, aqueles que, tímidos, procuram identificar os processos
para escolher um jogo onde não corram riscos- ainda não entenderam que o jogo
já começou e os riscos são parte dele. Outros usam suas últimas fichas para
tentar consertar as jogadas mal escolhidas de uma vida inteira, com o suor
escorrendo em seus rostos, denunciando nervosismo e desespero. Aqueles no
centro da sala são experientes: circulam entre as mesas revezando-se nas
apostas com uma habilidade impressionante, mostrando que já ganharam e perderam
muitas vezes. São jogadores calejados e gostam de serem testados. E
reconhecemos facilmente aqueles que, excitados (e já viciados), apostam
frenética e compulsivamente, sem medo de perder- ou sem entender que estão
perdendo o pouco que lhes resta. Onde estou nisto tudo? Procure com cuidado:
sou aquele jogador que até aqui soube jogar. Ou que até aqui deu sorte, como
queira. Sou discreto não quero despertar desconfiança ou interesse da
casa: por isto circulo pelo lugar com discrição. Procuro medir minha coragem e
entender até onde posso arriscar sem perder o que já ganhei: e confesso que
ganhei muito. Cuido com carinho de cada ficha, e estudo de quais posso abrir
mão para arriscar na próxima mesa. De algumas não me desfaço: permanecerão
comigo haja o que houver. Sem negociação. Vou ao bar e peço uma bebida. Penso
na próxima jogada, enquanto a vida me observa. Ela sabe que, cedo ou tarde,
voltarei para a mesa. E que tenho muito a perder- ou ganhar.</span></p></span></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">Eu: </span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><span face="Arial, sans-serif" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-size: 12pt;">Situações de extrema dificuldade geralmente impõem perdas. Maiores ou
menores, essas perdas geram desde algum transtorno a grandes danos, individuais
ou coletivos, materiais ou puramente emocionais. Levam ao recuo sobre um
território antes conquistado e, geralmente, têm um gosto de derrota. No
entanto, nesses momentos adversos, tendemos a nos abrir à relativização de tudo
o que forma nossas vidas, que passa por uma ressignificação, com mudanças nos
pesos e medidas daquilo o que importa. Se, por um lado, perde-se o emprego e o
cinto aperta, por outro lado os laços pessoais se estreitam, a compaixão e a
solidariedade se fortalecem. Os sonhos cedem à observação mais atenta da realidade,
sobre o que já temos e somos, ao invés do que se almejava conquistar. A notícia
da melhora da saúde de um amigo passa a ser a mais importante. Sentir a
presença de quem se ama torna-se o motivo a comemorar. Sensibilizamo-nos e nos
abrimos a reconhecer ganhos onde antes só víamos o trivial, o cotidiano, o
esperado. As perdas fazem parte da vida, supere ou suporte! Os ganhos dependem
da vida que se tem, reconheça-os ou corra atrás deles!</span></span></span></div><div><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-77964815214499982692023-04-15T05:54:00.001-07:002023-04-18T09:42:08.946-07:00Diários da pandemia - #Dia 3: andar nos trilhos<p><b style="color: #222222; text-align: justify;">Durante os 12 dias que ficamos em isolamento, no início da pandemia de Covid-19, eu e minha esposa decidimos escrever diariamente sobre um tema que escolhíamos, relacionado àquele momento de tensão e incerteza, tentando nos manter serenos e filtrar o bombardeio de notícias, fake news e tudo o mais que vinha da rua. </b></p><h4 style="text-align: justify;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="background-color: white; color: #222222;">Passados 3 anos desses dias isolados e do pior da pandemia, vou reproduzir aqui - com permissão da Cacá - esses textos que refletem como estávamos vendo e vivendo aquele período tão diferente de tudo o que havíamos vivido até então, e que nos ajudaram a ficarmos conectados à realidade e a nós mesmos.</span></h4><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><br /></div><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><br /></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u>#DIA 3 (23/03/2020) - TEMA: <i>ANDAR NOS TRILHOS</i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u><i><br /></i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">Ela:</span></b></div><div><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #222222;"><p class="MsoNormal"><span style="font-family: arial; font-size: 12pt;">Sempre
resisti em imaginar ter o controle absoluto da minha vida. Entendia como algo
que tolhe, restringe e direciona as ações e atitudes: achava poético e lúdico o
fator surpresa, o deixar levar. Implicava com quem tinha o futuro em uma
planilha de Excel, estipulando prazos e determinando os acontecimentos de forma
absolutamente organizada, como que engessando seus dias, atitudes e
pensamentos. Andando nos trilhos, sempre. Ironicamente, minha postura, ao mesmo
tempo que trouxe leveza aos anos de vida, me privou de viver experiências das
quais hoje sinto falta e, que sei, enriqueceriam minha existência. Errei o
<i>timming</i> algumas vezes, e paguei (caro) por isto. Assumi os riscos e arco
com as consequências, buscando enxergar em tudo aprendizado - mas confesso que
minha audácia ficou guardada na gaveta nos últimos tempos, tímida e culpada. Nos
dias sombrios em que vivemos, de indefinições e inseguranças, procuro resgatar
este espírito aventureiro que sempre me moveu. Acredito que a habilidade
de sair dos trilhos fará a diferença. Quem conseguir “descarrilhar seu vagão”,
deixando o lugar comum de lado, sendo criativo e corajoso, e entendendo que
vivemos em um mundo onde mudanças são necessárias, seguirá com sua verdade e
será parte de uma nova consciência coletiva- que abandonará amarras e
preconceitos por um mundo melhor. Imprevisível, mas melhor. Assim espero.<o:p></o:p></span></p></span></div><div><span style="color: #222222; font-family: arial;"><br /></span></div><div><span style="color: #222222; font-family: arial;"><b>Eu:</b></span></div><div><span style="color: #222222; font-family: arial;"><b><br /></b></span></div><div><p class="MsoNormal" style="background: white;"><span face=""Arial",sans-serif" style="color: #222222; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="font-family: arial;">O momento é de agarrar-se aos
trilhos...</span><o:p></o:p></span></p><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #222222;"><b></b></span></div>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-83693029006275055762023-04-14T06:02:00.006-07:002023-04-18T09:42:00.233-07:00Diários da pandemia - #Dia 2: medo<p><span style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;"><b>Durante os 12 dias que ficamos em isolamento, no início da pandemia de Covid-19, eu e minha esposa decidimos escrever diariamente sobre um tema que escolhíamos, relacionado àquele momento de tensão e incerteza, tentando nos manter serenos e filtrar o bombardeio de notícias, fake news e tudo o mais que vinha da rua. </b></span></p><h4 style="text-align: justify;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="background-color: white; color: #222222;">Passados 3 anos desses dias isolados e do pior da pandemia, vou reproduzir aqui - com permissão da Cacá - esses textos que refletem como estávamos vendo e vivendo aquele período tão diferente de tudo o que havíamos vivido até então, e que nos ajudaram a ficarmos conectados à realidade e a nós mesmos.</span></h4><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><br /></div><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><br /></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u>#DIA 2 (22/03/2020) - TEMA: <i>MEDO</i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u><i><br /></i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ela:</b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">O que te move? Quando
li esta pergunta, há algum tempo, ingênua e rapidamente pensei: o desejo. A
vontade. O querer mais - mais alegrias, mais histórias, mais encontros, mais
possibilidades. Seria desejo o que nos impulsiona diariamente a levantar da
cama, planejar o dia, o ano a vida, trazendo tesão suficiente para ligarmos os
motores com força total. Ou deveria ser. O mundo como ele é nos trouxe algo
mais imediato do que o desejo: a necessidade. Com ela, deixamos o querer em
segundo plano: porque precisamos. Precisamos ao acordar pensar nas contas a
pagar, nos prazos que estão vencendo, nos padrões sociais a seguir. Sabe aquele
tesão? Esquece. Ele fica para depois, quando sobrar o tempo (que nunca sobra)
para pensarmos nisto. Nos últimos dias, porém, acordamos assombrados por um
sentimento, que embora estivesse sempre em nossos inconscientes, interferindo
em nosso ser e agir, ficava guardado, reservado aos momentos de solidão. Não se
falava dele: era sinal de fraqueza, e o mundo era dos fortes. O medo. De
repente, o medo teve permissão para se tornar público, compartilhado, assunto
principal das conversas. Sobrepôs necessidades e desejos. Tornou-se o motivo
principal de nos levantarmos pela manhã- aquilo que nos move. Tememos pela
família, pelos amigos, pelos negócios. Por nós e pelo outro. Pela vida como é,
ou pela vida simplesmente. Assumimos e abraçamos nosso medo, sem vergonha dele,
e estamos aprendendo a conviver abertamente com suas implicações e
consequências. Espero que o medo conscientize. Revolucione. Sirva como
motivação para entendermos quais deveriam ser nossos desejos e vontades, nossas
prioridades e importâncias reais. Para que, passando a tempestade, possamos
abrir os olhos nas manhãs pelos motivos certos.</span></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><u><i><span style="font-family: arial;"><br /></span></i></u></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222;"><span style="font-family: arial;">Eu:</span></b></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: arial;"><br /></span></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: arial;">O medo é uma reação instintiva a uma
ameaça iminente ou futura, essencial à sobrevivência por aquilo o que nos
prepara e defende. Sempre foi assim, desde o início da humanidade. Mas o medo
piora na proporção da imprevisibilidade do perigo, que o potencializa por
tornar incerta a defesa necessária à autopreservação. E assim estamos hoje,
convivendo com o medo de uma ameaça até então não sentida nessas proporções
pelas gerações atuais, remetendo apenas a períodos de guerra e doenças só
relatados pela História. O imprevisível ameaçador está no que essa pandemia de
Coronavírus irá nos deixar de vítimas e de danos econômicos que,
inevitavelmente, podem converter-se em graves danos sociais. Haverá ruptura do
tecido social, cairemos no caos, as instituições conseguirão manter-se na
condução da sociedade? Sim, o medo nos leva a cogitar os piores cenários diante
de uma ameaça de proporções incertas. No entanto, a mesma História também
mostra que o medo resgata o senso coletivo e é um ambiente fértil para a
solidariedade. Ao reforçar nossa humanidade, reaproximando-nos pelo mesmo
objetivo comum, o medo se torna suportável e qualquer ameaça deixa de parecer
invencível.</span></div><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><br /></div>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-89948545518793649102023-04-13T05:29:00.001-07:002023-04-18T09:41:45.646-07:00Diários da pandemia - #Dia 1: sem poder sair de casa num sábado de sol<h4 style="text-align: justify;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="background-color: white; color: #222222;">Durante os 12 dias que ficamos em isolamento, no início da pandemia de Covid-19, eu e minha esposa decidimos escrever diariamente sobre um tema que escolhíamos, relacionado àquele momento de tensão e incerteza, tentando nos manter serenos e filtrar o bombardeio de notícias, fake news e tudo o mais que vinha da rua. </span></h4><h4 style="text-align: justify;"><span face="Arial, Helvetica, sans-serif" style="background-color: white; color: #222222;">Passados 3 anos desses dias isolados e do pior da pandemia, vou reproduzir aqui - com permissão da Cacá - esses textos que refletem como estávamos vendo e vivendo aquele período tão diferente de tudo o que havíamos vivido até então, e que nos ajudaram a ficarmos conectados à realidade e a nós mesmos.</span></h4><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><br /></div><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><br /></div><div style="background-color: white; text-align: justify;"><b style="color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><u>#DIA 1 (21/03/2020) - TEMA: <i>SEM PODER SAIR DE CASA NUM SÁBADO DE SOL</i></u></b></div><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><br /></div><div style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;"><b><span style="font-family: arial;">Ela:</span></b></div><div style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><div style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;"><div><span style="font-family: arial;">Há alguns anos, voltando de férias, fui dar aquele abraço apertado em minha avó.</span></div><div><span style="font-family: arial;">Conversamos sobre o quanto é bom sair, e melhor ainda voltar. E jamais esqueço</span></div><div><span style="font-family: arial;">de sua frase: “Filha, Deus é tão sábio que faz cada um acreditar que sua casa </span></div><div><span style="font-family: arial;">é o melhor lugar do mundo”. Hoje acordamos com um dia glorioso de sol e calor, </span></div><div><span style="font-family: arial;">um sábado de revista, como se diz.. Diferente dos outros, não vamos sair de </span></div><div><span style="font-family: arial;">moto, pegar uma praia, almoçar com as famílias. Fazer aquelas compras adiadas </span></div><div><span style="font-family: arial;">ou pagar uma conta que ficou para trás no centro. Somos nós e nossa casa.</span></div><div><span style="font-family: arial;">Miro a paisagem enquanto abro as janelas, respiro fundo e lembro da frase de minha</span></div><div><span style="font-family: arial;">avó. Traço meus pequenos planos: deixar o jardim renovado, o quarto perfumado,</span></div><div><span style="font-family: arial;">a cozinha cheirando a comida. Ler na poltrona preta, reorganizar os livros,</span></div><div><span style="font-family: arial;">ouvir músicas novas. Finalmente separar as fotos daquela viagem para montar o</span></div><div><span style="font-family: arial;">álbum. Ficar quietinha enquanto meu marido toca violão. E conversar. </span></div><div><span style="font-family: arial;">Fazer planos. Namorar. Comentar sobre o quanto é bonito nosso lugar.</span></div><div><span style="font-family: arial;">Entender sobre o privilégio que temos em compartilhar tudo isto. E em termos </span></div><div><span style="font-family: arial;">um ao outro, onde quer que estejamos. Sim, com certeza, o melhor lugar do mundo </span></div><div><span style="font-family: arial;">é aqui. E a hora é agora.</span></div></div><div style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><div style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;"><b><span style="font-family: arial;"><br /></span></b></div><div style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;"><b><span style="font-family: arial;">Eu:</span></b></div><div style="background-color: white; color: #222222; text-align: justify;"><span style="font-family: arial;"><br /></span></div><div style="background-color: white; text-align: left;"><span style="color: #222222; font-family: arial;">Poucas coisas nos impelem tanto a ir para a rua como um belo sábado de sol. </span></div><div style="background-color: white; text-align: left;"><span style="color: #222222; font-family: arial;">Mas este é um sábado diferente dos outros que já vivemos. Estamos nos </span></div><div style="background-color: white; text-align: left;"><span style="color: #222222; font-family: arial;">primeiros dias de um isolamento, ainda mais autodeterminado que imposto, </span></div><div style="background-color: white; text-align: left;"><span style="color: #222222; font-family: arial;">para impedir o avanço do Coronavírus, essa doença que se espalha na mesma </span></div><div style="background-color: white; text-align: left;"><span style="color: #222222; font-family: arial;">proporção do medo que causa à grande maioria das pessoas no mundo, </span></div><div style="background-color: white; text-align: left;"><span style="color: #222222; font-family: arial;">com exceção de quem acha tudo isso só uma histeria sem razão de ser. </span></div><div style="background-color: white; text-align: left;"><span style="color: #222222; font-family: arial;">Vamos seguir nos ocupando em nossas casas, falando à distância com </span></div><div style="background-color: white; text-align: left;"><span style="color: #222222; font-family: arial;">nossos familiares e amigos, tentando filtrar o bombardeio de notícias e, </span></div><div style="background-color: white; text-align: left;"><span style="color: #222222; font-family: arial;">na medida do possível, manter a sanidade pensando em outros sábados de </span></div><div style="background-color: white; text-align: left;"><span style="color: #222222; font-family: arial;">plena liberdade de espaços e sem temores confinados no peito...</span></div>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-48676570250346961422023-04-01T13:06:00.003-07:002023-04-01T13:06:34.725-07:00ESTAMOS PREPARADOS PARA A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL?<p style="text-align: justify;">Nesta semana em que tivemos o South Summit trazendo a Porto Alegre empreendedores, palestrantes e público interessado em tratar e conhecer sobre as novas fronteiras da tecnologia digital, também vimos notícias que fazem pensar se, de fato, estamos prontos para lidar com essas transformações, em especial sobre o impacto da inteligência artificial em nossas vidas.</p><p style="text-align: justify;">A inteligência artificial está presente, faz tempo, em nossas rotinas – ainda que, muitas vezes, nem nos percebamos disso -, por exemplo, nos algoritmos utilizados para analisar nosso perfil consumidor em redes sociais e nos sugerir bens e serviços alinhados aos nossos interesses.</p><p style="text-align: justify;">No entanto, o novo e impactante é a possibilidade de interagir diretamente com essa tecnologia, permitindo que acessemos o conhecimento quase infinito de informações disponíveis na rede, sob a forma de perguntas e respostas, numa verdadeira conversa com a máquina. Sim, estou falando do ChatGPT e de outros chatbots que são o assunto do momento, por suas imensas potencialidades e aplicabilidades ainda sequer dimensionadas.</p><p style="text-align: justify;">Mas o que uma tecnologia assim, tão disruptiva e transformadora, poderá acarretar a nossas vidas, empregos e nas relações com a própria tecnologia? Difícil prever, não é? Por isso, ao lado da euforia pelo avanço tecnológico, que Bill Gates diz ser o mais importante em décadas, surge a preocupação com os impactos de sua aplicação.</p><p style="text-align: justify;">No South Summit de Porto Alegre, nesta semana, o ChatGPT foi diversas vezes referido em tons de avanço e ameaça, mas, inegavelmente, como algo a que não se poderá ser indiferente. Virou assunto corrente no evento, inclusive, uma petição pública colocada em circulação pelo Future of Life Institute pedindo para suspender o uso e as pesquisas sobre a inteligência artificial enquanto não ocorrer sua regulamentação. Para se ter uma ideia da relevância do tema, o apelo foi assinado por personalidades do meio tecnológico como Elon Musk, Steve Woznyak (cofundador da Apple), membros do laboratório de IA do Google, especialistas americanos em IA, acadêmicos e engenheiros-executivos da Microsoft, parceira da OpenAI, e o historiador Yuval Noah Harari.</p><p style="text-align: justify;">Também nesta semana, o banco Goldman Sachs divulgou uma projeção de que 300 milhões de empregos no mundo poderão ser afetados, ou melhor, substituídos pela inteligência artificial, especialmente o trabalho intelectual e administrativo, estimando que nos Estados Unidos e na Europa aproximadamente dois terços dos empregos atuais “estão expostos a algum grau de automação da IA” e até um quarto de todo o trabalho pode ser feito completamente pela IA.</p><p style="text-align: justify;">Mas é claro que o aspecto ameaçador dessas novas tecnologias deve ser visto com reservas. Sem excluir a necessidade do debate ético em torno de sua utilização e de uma provavelmente necessária regulamentação, a história já demonstrou que revoluções tecnológicas e mudanças de paradigma levaram a alterações econômicas e sociais relevantes, mas sempre abriram espaço para novos campos de trabalho e, além disso, trouxeram facilidades à vida humana e proporcionaram a geração de maior riqueza mundial.</p><p style="text-align: justify;">O que fica evidente é que, para nos adaptarmos a essas novas e rápidas mudanças, teremos que fazê-lo na mesma velocidade do seu avanço, visando permitir que acessemos as oportunidades de aplicação abertas pela aplicação massiva da IA, o que traz à tona, sempre e inevitavelmente, a importância do papel da educação nesse processo de aprendizagem contínuo e cada vez mais necessário ao ser humano do século XXI.</p>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-55984745060133943772023-01-18T04:15:00.002-08:002023-01-18T04:15:25.672-08:00A maior reverência é o amor<p> </p><p>A maior reverência que alguém pode receber ao partir dessa
vida é o amor de quem fica, e pra quem fica o maior conforto é saber-se amado
por quem partiu. No fim, como sempre, só o que importa é o amor.</p><p><br /></p><p><i>Em memória do querido Marcelo Batista Brito de Oliveira que partiu nesta semana.</i></p><p class="MsoNormal"><o:p></o:p></p>Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-11033857705914463792019-08-13T06:23:00.001-07:002023-01-01T05:23:15.877-08:00A magia da vida<div style="text-align: justify;">
<span color="rgba(0, 0, 0, 0.7)" style="background-color: white; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;">A magia da vida está no imprevisível. Você pode planejar em detalhes o que espera que lhe aconteça, e muito disso acontecerá como previsto. Mas outro tanto surgirá de forma alheia a sua vontade, desviando a rota de seus planos. Assustador? Claro! Estar sujeito a tudo a cada segundo pode causar pânico em alguns, embora a maioria apenas viva suas rotinas sem grandes preocupações com o imponderável. Geralmente, os pequenos problemas do dia-a-dia nos tomam toda a atenção, ainda que sejam insignificantes diante das grandes questões existenciais. A maravilha da imprevisibilidade, no entanto, está justamente em nos colocar diante do novo, o inesperado e seus desafios, forçando-nos a reagir e a exercer a plenitude de nossas faculdades humanas. Imaginar o contrário, que pudéssemos conhecer o futuro em detalhes, por certo retiraria o encanto do porvir e nos relegaria ao papel de meros espectadores entediados de um filme repetido. Por outro lado, deparar-se com as surpresas do caminho, sejam elas boas ou difíceis, como um amor, um filho ou a morte de alguém amado, que são capazes de mudar o rumo esperado de nossas vidas e nos impelem ao desconhecido, faz de nós aprendizes de nossa própria existência. Pura magia!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span color="rgba(0, 0, 0, 0.7)" style="background-color: white; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span color="rgba(0, 0, 0, 0.7)" style="background-color: white; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px;"><i>*para o meu novo afilhado, Lucas.</i></span></div>
Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4626046948464349660.post-10209931405495088802019-02-11T04:21:00.001-08:002019-02-11T04:21:24.709-08:00OS OUTROS PAIS DA NOSSA INFÂNCIA<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quando morre o pai de um amigo
nosso de infância, é como se uma daquelas casas e ruas que habitam as lembranças
daquele tempo ficasse de repente mais vazia. Esses pais dos nossos amigos eram
os outros pais da nossa infância. Quando estávamos em suas casas, brincando e
explorando o mundo ao redor, eles também nos cuidavam, sentiam-se responsáveis
pelo nosso bem-estar e segurança, até chegar a hora de irmos embora. Uns mais
sérios e rígidos. Outros, amáveis e que interagiam conosco, lembrando de como
brincavam na sua época ou advertindo sobre os perigos dos nossos dias, mas
sempre na medida necessária para não estragar a diversão. Muitos desses
outros pais que tivemos e que nos viram crescer acabaram se tornando nossos
amigos – talvez porque também exercitaram a paternidade conosco e se afeiçoaram
àqueles amiguinhos dos seus filhos como se fôssemos um pouco deles também.
Depois, ao longo da nossa vida, vamos reencontrando ocasionalmente esses
segundos pais e, juntos, voltamos no tempo compartilhando lembranças e
histórias vividas em comum, de quando éramos crianças enquanto eles tinham mais
“filhos” para cuidar. Enfim, o que ameniza a perda que sentimos é saber que sua
ausência das casas e ruas da nossa memória é apenas transitória. Logo, logo, já
voltam a ocupar seus lugares cativos em nossas lembranças, com a vantagem compensatória
de que agora terão todo o tempo para zelar por nós de outro plano
espiritual...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">*Texto em homenagem a um dos outros pais da minha infância, Seu Getúlio
Caletti.<o:p></o:p></i></div>
<br />Murilo Souzahttp://www.blogger.com/profile/05447682533146926001noreply@blogger.com0