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Mostrando postagens de 2017

Prova de amor

O amor justifica grandes gestos de demonstração, muitas vezes públicos e caros. Casamentos suntuosos, out-doors, declarações apaixonadas em redes sociais e por aí vai. Mas sua verdade é revelada, mesmo, na maioria das vezes, por atos simples e quase imperceptíveis aos olhos dos outros, porque não visam fazer prova aos demais, nem mesmo à pessoa amada. Esses atos são motivados apenas pelo querer-bem ao destinatário desse amor, até mesmo sobre e antes do seu próprio bem estar. Isso pode ser ilustrado por uma notícia recentemente publicada no obituário da Zero Hora, dando conta do falecimento de um casal de octagenários, que morreram nos fundos de sua casa no País de Gales, quando o marido sofreu uma queda ao cuidar do jardim, quebrando várias costelas. Ao ir acudi-lo, a esposa também veio a cair de forma fatal a seu lado. Ao serem encontrados, já sem vida, a pequena notícia não omitiu o surpreendente detalhe: o homem jazia com a cabeça sobre uma almofada, provavelmente colocada por sua

O dia

Parece que perdemos a noção do dia como a mais importante medida do tempo. Chegamos ao ponto de desprezá-lo em rotinas mecânicas de trabalho, lazer e puro tédio, porque estamos sempre mirando à frente, ao futuro, onde esperamos que as coisas irão acontecer, quando elas acontecem hoje e somente hoje. O futuro é uma incógnita e o previsível é pura pretensão. Tudo, absolutamente, de bom e ruim, acontece no espaço de um dia. Mesmo quando algo se prolonga por mais tempo, os dias não serão iguais entre si. O beijo, o amor, o encontro, a dor, a perda, a conquista, a emoção, o instante de êxtase, a reconciliação, o dito e não dito, a queda, o tiro, a morte, tudo!, passa-se em um dia, o dia de hoje, o presente. Suponho que nossos ancestrais viam no dia o ciclo único e perfeito, o desafio a ser vencido na aventura de sobreviver, saindo de suas cavernas com o sol e recolhendo-se à noite com os produtos da jornada, sentindo-se vitoriosos. O futuro para eles, creio, era por demais imp

Liberdade

De onde trabalho, na minha pequena sala de escritório, espremido entre o computador e os papéis, ouço quase diariamente um cara que passa pela rua à frente, cantando alto e desgraçadamente desafinado uma música ruim, sem dar a mínima importância para o seu vexame público e sua aparente loucura. Dia desses eu parei e pensei que ele, em realidade, era muito mais livre que eu. Assim, caminhando e cantando no claro do dia, sem nenhuma preocupação, nem com a afinação nem com a vergonha. Ao contrário, eu me encontrava preso aos meus compromissos, clientes e tarefas, que eu necessito manter para sustentar um padrão de vida que provavelmente eu nem necessite. Preso às responsabilidades de ser competente e manter uma boa imagem pública, que desapareceriam se eu saísse cantando pela rua – mesmo que afinadamente. Quem realmente é livre? Do que necessitamos para sermos livres? Liberdade é adquirir bens e respeito para não depender de ninguém, ou é possuir apenas o mínimo que depen

O mundo de hoje

O mundo de hoje está dividido entre ONGs e voluntários que fazem todo o tipo de ação colaborativa, solidária ou de proteção a bens públicos X pessoas egoístas que só visam o bem próprio; empresas e empresários inescrupulosos que poluem, exploram o trabalho alheio e burlam as leis X aquelas(es) que olham para a sociedade e o Estado como o ambiente sagrado de seu desenvolvimento; pais que educam e dão amor a seus filhos X filhos abandonados por seus pais e adotados pela marginalidade; pessoas violentas, brutas e ignorantes, que repelem o belo e não questionam a razão de suas vidas X poetas sensíveis à natureza e à beleza escondida nos menores gestos humanos; pessoas que amam e permitem ser amadas X os que nunca encontrarão o amor por serem movidos pelo ódio, a si próprios e aos outros; visionários que transformam o mundo com suas ideias X talentos desperdiçados pelas mais estupidas razões e circunstâncias; religiosos que exercem a sua fé x descrentes de tudo; os que encontram sentido no

Ah, a amizade...

A amizade...ah, os amigos... A amizade parece até uma derivação do ar, esse estado da natureza normalmente ausente aos sentidos e, ao mesmo tempo, tão essencial. É etérea e oscilante, como também oscila a pressão e a temperatura do ar. Num instante estamos tão próximos a um amigo, numa relação de intensa proximidade, que não conseguimos imaginar a vida sem ele, até que a distância de espaço ou interesses, o tempo, ou ambos, nos mostram que a amizade, assim como o vento, se dispersa e se esvai. Sentimos a ausência de uma boa amizade que se distanciou, como o frio do inverno faz lembrar o bom calor do verão. A falta daquela intimidade conquistada, da confiança natural que nos faz confidentes mútuos, que divide planos, tragos e boas risadas. Nem sempre os amigos ficam por perto, ou ficamos perto deles. Ao contrário, o normal é que os caminhos se desencontrem e que durante o caminho os amigos venham e vão, novos em lugar dos antigos, os que reaparecem e se tornam velhos amigos novos. Por

Sempre lembraremos, Dona Ivone...

"A QUEM AMO Lembra-te de mim ante a natureza, bela e perfeita a cada instante; amo a beleza e, como eterno andante, nela certamente buscarei abrigo. Lembra-te de mim ante a grandeza dum pintor, dum poeta ou musicista; verás, surpresa,  que, sem ser artista, o amor à arte convive comigo. Lembra-te de mim numa criança, com ela sempre cruzo em meu caminho. É a esperança  revestida de carinho que faz morada em coração amigo. Lembra-te de mim na alegria, pois gosto de te ver sorrindo. Vive a magia do teu mundo lindo, que por te conceder, a Deus bendigo. Lembra-te de mim na tristeza, superando tudo o que te faça triste. Crê na certeza de que o amor persiste e mais que nunca eu estarei contigo! Lembra-te de mim..." (Ivone Selistre)

Encontro e despedida

Nestes dias, aprendi que cada encontro também pode ser uma despedida, e que o melhor a fazer é olhar nos olhos de quem se gosta e deixar isso transparecer, por um instante que seja, porque esses mesmos olhos podem estar fechados em definitivo da próxima vez em que a encontrar...

Não é amor, é sexo!

"A gente não faz amor, fazemos sexo!", respondeu ela, categoricamente, pra surpresa dele. E estava certa, ele pensou, porque se amavam, mas o que faziam era sexo. Apesar de tanto tempo, ainda era o desejo que os aproximava fisicamente, enquanto o amor os mantinha juntos. Não era para atender as obrigações conjugais, tampouco havia dias, horários ou rituais predeterminados. O sexo decorria apenas da mais pura vontade, e era frequente pois se desejavam permanentemente. Não necessitavam de cenários, fantasiar ou de outro tipo de recurso para criar o clima apropriado. Palavras eram desnecessárias, assim como jogos preliminares de sedução, bebida ou qualquer tipo de estímulo externo. Buscavam, e alcançavam, apenas a intensidade em si mesmos, pelo contato, o imediato entre si, seus corpos, no prazer de cada um somado ao do outro. O amor aguardava sua vez do lado de fora do quarto, chegando depois para o sono dos dois, para seguir a vida no dia seguinte. Não havia obsc

Diário de viagem: Uruguay, janeiro 2017

Saída domingo, 01. Janta com M.B&M. na Churrascaria Lobão, em Pelotas, e pernoite no Motel Arizona. Partida pela manhã do dia 02, rumo a Punta del Diablo, via Chui. Chegada na Posada Luna de Miel (proprietária Natalia) e praia ao final da tarde. Saída na manhã do dia 03, rumo a Punta Ballena, via Ruta 10 (costeira), passando por Laguna Garzon, José Ignacio e Punta del Este. Chegada no Dalarna Sma Hotel e passeio na Casa Pueblo e Punta del Este, jantando com M.B&M. Manhã de 04 saindo para Colonia del Sacramento, via Montevideo (perimetral) e Ruta 1, com chegada à tarde na Posada del Angel. Passeio a pé pelas ruas do casco histórico, bebericagem ao pôr do sol e janta no El Drugstore. Manhã do dia 05 de praia em Colonia, pôr do sol no Bistrô Queriendote, janta no El Drugstore, música e dança à noite nas ruas da cidade (jazz e salsa). Partida na manhã do dia 06, com destino a La Pedrera, via Ruta 11 (por Canelones). Chegada à La Pedrera à tarde, sem encontrar lugar para pernoitar.