#CASO 1: O herdeiro gato
Cheguei ao escritório naquela tarde, após o almoço que não me caiu bem. Abri a porta antevendo o que iria encontrar, e lá estava a figura familiar de Valeska, que me recebeu com um automático boa tarde, sem ao menos levantar o olhar do jornal para saber quem entrava na sala. "Deve conhecer o som dos meus passos", pensei com alguma admiração. Após dar meu boa tarde à secretária, passei-lhe instruções sobre as tarefas do dia e me fechei em minha sala. Não que tivesse muito a fazer, mas gostava de aparentar que tinha, e mais ainda de privacidade - ou de ficar só? Bom, estava só, fazendo anotações para uma audiência próxima, quando Valeska pôs a cabeça pela porta entreaberta e anunciou uma cliente nova, a quem eu disse que entrasse. Seu nome era Maria Adelaide, já idosa, bem vestida - embora com roupas antiquadas - e aparentemente com boas posses, que, após sentar-se, passou a expressar a razão de sua consulta. Disse ela que, já viúva e com o filho morando em outro país, vinha há