A hora incerta
Certos choques de realidade, por vezes, nos fazem perceber o quanto nossa vida é frágil. Semana passada, fui surpreendido pelo falecimento de um conterrâneo, com a mesma idade minha, levado por um câncer fulminante. Não era uma pessoa muito ligada a mim, sequer poderia chamar de amigo, era mais um conhecido dos tempos de colégio, mas sofri um certo choque com o fato porque, inevitavelmente, me coloquei em seu lugar. Se eu partisse agora, nesses meus quase 40 anos, teria feito tudo o que deveria fazer, vivido o suficiente, deixado alguma marca que perdurasse? Tenho certeza que não. Assim como imagino que ninguém a essa altura da vida diria "estou pronto". Entretanto, na maioria das vezes a hora extrema é incerta e não permite negociações ou adiamentos. E o que fazer? Viver todos os dias como se fossem o último? O carpe diem é um notório lugar comum, mas é possível adotá-lo como objetivo de cada dia? E o trabalho, as tarefas de casa, os compromissos de cada um? E a vontade de s