Atitude ou encenação

Ao ir a um show de rock de grandes bandas eu sempre tendo a reparar na postura de palco dos caras, pra ver até que ponto estar ali fazendo o show de número 159 do ano ainda mexe com eles, de forma autêntica, ou se tudo já se resume a encenar. Todas as bandas, depois que assumem algum profissionalismo, têm que representar, seguir um roteiro, mesmo que mínimo, pra criar uma interação com seu público e passar alguma presença de palco. Faz parte do show... Às vezes isso fica forçado e quase não convence. Outras vezes, bem, o artista parece se deixar contagiar pelo maior ânimo da platéia ou por estar num bom dia. Já presenciei shows dos dois jeitos. Shows em Porto Alegre (Oasis) e Buenos Aires (U2), por exemplo, em que a banda tomou tamanha surpresa com a reação positiva do público e é de tal forma contagiado por ela que a velha e genuína vontade ( ou fúria) de tocar volta com tudo, e assim se torna um autêntico show de rock em que ninguém, nem artista nem público, precisa representar. Outros shows (o do Guns, recentemente), mesmo bons pela qualidade dos músicos e hits consagrados, são burocráticos e tanto seguem um roteiro que você parece estar assistindo a um filme. Tem muitas poses, jogadas ensaiadas, frases decoradas e a bendita fúria vira um pastelão. Mas é isso, música no mainstream é negócio e como tal segue fórmulas para conseguir e manter mais clientes, ops, fãs. Vem daí a velha questão sobre o que uma banda é enquanto está no underground e o que passa a ser com a fama - passagem que seu público muitas vezes não perdoa...

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